terça-feira, 28 de agosto de 2007

ENTREVISTA DE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA AO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO

A ENTREVISTA CONCEDIDA PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA AO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO
"Quem se acha insubstituível vira um ditadorzinho"
27 de Agosto de 2007 -
Abaixo a íntegra da entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Estado de São Paulo de Domingo (26).

Presidente, o sr. já pediu aos partidos aliados que se entendam sobre as eleições municipais do ano que vem e que o ideal seria ter um candidato único da base para 2010. Mas o PT, no 3.? Congresso, que começa esta semana, em São Paulo, vai destacar a necessidade de ter um candidato próprio à sua sucessão. A base pode implodir?

Seria prudente que nós aprendêssemos algumas lições que a vida ensina. Muitas vezes, a disputa se dá por interesse pessoal de um indivíduo, que quer marcar posição sendo candidato a alguma coisa. Se ele tem sucesso, ótimo. Se ele não tem, todos ficam com o prejuízo de uma derrota eleitoral. Tenho ponderado aos presidentes dos partidos da base que seria importante que eles conversassem e começassem a mapear a possibilidade de alianças políticas nas prefeituras das capitais e das cidades mais importantes do País. Se as direções não conversam antecipadamente, permitem que o jogo eleitoral e o interesse iminentemente municipal determinem a política local e o conflito nacional. Onde é possível construir aliança política para disputar, por exemplo, 2008? Onde é possível ter candidaturas próprias? Esse gesto pode facilitar a candidatura em 2010.

Como é que isso facilita?

Para quem tem uma base heterogênea, como nós temos - e qualquer presidente constrói uma base heterogênea por causa da realidade política brasileira -, vocês perguntam como é possível construir uma unidade para escolher um candidato para enfrentar os adversários em 2010. Obviamente que eu não penso nisso fora de hora, só vou pensar nisso no momento certo. Não é uma eleição pequena. ? uma eleição que envolve uma candidatura a presidente e vice, candidaturas de 27 governadores, de 54 senadores. Portanto, tem cargo para todo mundo disputar, tem possibilidade para todo mundo.

Esse candidato não será necessariamente do PT?

Se a gente tiver juízo, a gente constrói essa candidatura única. Ser do PT ou não ser do PT é um problema que o partido vai ter de decidir. Eu acho improvável que um partido do tamanho do PT decida não ter candidato. Assim como é bastante provável que todos os outros partidos da base apresentem candidatos. Mas é importante que o PT esteja disposto a conversar, e que a gente construa a possibilidade de ter uma candidatura única da base.

O que o PT decidir no 3.? Congresso não é determinante?

Não. PT, PMDB, PDT e PSB podem decidir ter candidaturas próprias. Na hora em que tivermos todos esses nomes, vamos começar a discutir, fazer projeções, pesquisas para saber quem tem melhores condições de ser candidato. Porque se tiver duas candidaturas, a posição do presidente já fica delicada para entrar em campanha. Se tiver quatro, fica muito mais delicada. E tudo vai depender de como o governo chegará ao final do mandato. Já tivemos na história do Brasil presidentes que chegaram ao final do mandato e nenhum candidato queria que eles subissem no palanque. Mas eu quero chegar forte ao fim do mandato para ter influência no processo sucessório. Não ficarei neutro. Tenho posição política, tenho partido. E quero subir em palanque.

Qual é o perfil ideal desse candidato único?

? aquele que dê continuidade à política que estamos plantando agora. Quando a gente assume um compromisso da importância de colocar R$ 504 bilhões para produzir melhorias na vida dos brasileiros até 2010, isso vai formar uma carteira de obras no Brasil que, se você não deixar isso parar mais, você tem a chance de, em pouco tempo, dar ao Brasil todo o melhoramento que o Brasil precisa, desde saneamento básico até portos, aeroportos, gasodutos e rodovias. Se você trunca a política social, ela perde a eficácia. Se continuar todo ano aumentando um pouquinho, você consolida um país com uma classe média forte e uma classe média baixa, mas com poder de sobrevivência com dignidade. Essa combinação é que vai transformar o Brasil em um país definitivamente justo.

O que é exatamente essa combinação de classe média forte com classe baixa digna?

Você tem uma classe média que nem precisa do governo. Que tem como sobreviver, como estudar, que tem um poder de compra razoável. Se você não atrapalhar a vida dessa classe média, e ajudar os de baixo a subir um degrau, você está construindo um padrão de país justo. Nunca estivemos tão próximos de atingir esse estágio. Se a economia continuar crescendo 5%, se a gente continuar com uma forte política social, esse mundo está próximo de ser construído no Brasil.

O sr. gostaria de entregar seu governo a uma mulher? Uma Dilma Rousseff (ministra-chefe da Casa Civil), uma Marta Suplicy (ministra do Turismo)?

As mulheres estão em ascensão. Eu acho que, se a Cristina Kirchner ganhar as eleições na Argentina, a Hillary Clinton ganhar as eleições nos EUA, nós vamos ter uma onda do sexo forte disputando as eleições.

E os nomes?

Eu evito citar nomes porque, em política eleitoral, quando você cita um nome com antecedência você está, na verdade, queimando esse nome. Primeiro você queima internamente com os possíveis pré-candidatos. Depois, queima na base aliada com candidatos de outros partidos. E, finalmente, os adversários e a imprensa colocam uma flecha direcionada para ele 24 horas por dia. Então, penso que o nome deve ser mantido sob segredo de Estado.

O sr. tem preferência por uma mulher?

Acho que é possível ter uma mulher na Presidência da República.

Mas quem poderia ser essa mulher?

? muito cedo. E eu conheço a alma humana. Se a agente ficar dizendo o nome, a mosca azul vem, pode pousar na testa da pessoa e a pessoa começa a se descredenciar.

E o ministro da Defesa, Nelson Jobim? Já está causando ciumeira?

Não tem ciumeira. O Jobim é uma figura importante da República, foi deputado constituinte, é um jurista importante, foi presidente da Suprema Corte, é um quadro político engajado. O Jobim é um quadro que sempre tem de ser levado em consideração. Mas, olhou pra frente, tem de ver a cara do Ciro Gomes, tem de ver a cara do Jobim e de outras figuras de outros partidos políticos, que ainda vão surgir.

O ministro Mares Guia (Relações Institucionais) afirmou recentemente que um homem como o sr. só aparece de 50 em 50 anos. Isso aumenta a responsabilidade para passar a faixa?

Bondade dele. Acho que minha derrota, em 1989, foi boa para mim. Foram 12 anos de espera. Com a derrota firmei a convicção de que as pessoas que governavam o Brasil não conheciam o País. Quando você vai para uma capital, desce no aeroporto, vai para o palanque, sai do palanque, volta para o aeroporto e segue para outra capital, você não conhece o Brasil. Aliás, você nem conhece as pessoas que estavam no palanque. Foi daí que surgiu a idéia das Caravanas da Cidadania, para conhecer a alma, as entranhas do Brasil. Isso criou em mim convicções muito fortes sobre o que entendia que precisava ser feito no País.

Se o sr. integrasse a comissão de desaparecidos políticos do Ministério da Justiça, o sr. votaria a favor da pensão para os familiares do ex-capitão Carlos Lamarca?

Se o Carlos Lamarca foi, pelos critérios estabelecidos pela comissão, injustiçado, ele tem direito a receber a indenização. Da mesma forma que, se houver alguém que foi do governo e foi injustiçado, e entrar com pedido, ele também deve ser indenizado. Tem uma lei que determina os critérios para as pessoas serem indenizadas. Eu não vejo nenhum problema, seja Lamarca, seja o Lula. ? preciso levar em conta se as pessoas estão dentro dos critérios estabelecidos pela comissão.

A esquerda que fez oposição armada ao regime militar lutava, como se diz hoje, pela democracia?

Eles estavam lutando contra um regime autoritário. Isso era visível. Se os métodos eram corretos ou não, as circunstâncias políticas diziam que os métodos eram quase os únicos que havia. Eram todos muito jovens, todos muito entusiasmados, próprio de jovem com 20 anos, 25 anos. Escolheram um caminho. Não deu certo. Eu lembro que, naquela época, eu estava dentro da fábrica. Vivíamos um momento de extraordinário crescimento da oferta de emprego. Havia essa divergência entre a esquerda organizada: jovens bem-intencionados que queriam derrubar o regime militar e, do outro lado, os trabalhadores vivendo um boom da economia, o milagre brasileiro da década de 70, que no ano de 1973 atingiu um crescimento de 14,3%. A luta armada era algo distante da classe trabalhadora.

Nesses 12 anos, até ganhar a eleição em 2002, qual foi a grande mudança?

Não acredito na palavra insubstituível. Não existe ninguém que não seja substituível, ou que seja imprescindível. Quando um dirigente político começa a pensar que é imprescindível, que ele é insubstituível, começa a nascer um ditadorzinho. Acho que eu só cheguei à Presidência da República por conta da democracia deste país. Foi a democracia que permitiu que um operário metalúrgico, utilizando todos os instrumentos democráticos e vivendo as adversidades, chegasse à Presidência. Então, eu tenho de valorizar isso. Um dia eu acreditei que era possível chegar à Presidência pelo voto. E não eram poucos os estudiosos que me diziam que seria impossível, pelo voto, chegar lá.

Mas o sr. precisou fazer uma mudança brutal no seu discurso. Entre o candidato derrotado de 1989 e o de 2002 há uma grande diferença, não?

Você está lembrado de quantas vezes eu disse que era uma metamorfose ambulante. Mas, se o político não vai se adaptando ao mundo em que ele vive, ele vira um principista (ortodoxo). Na hora do discurso, à frente de um partido, você pode ser principista (ortodoxo), mas na hora de governar você precisa saber que tem um jogo que tem de ser jogado, muitas vezes em momentos graves de adversidade.

Adversidades de que tipo?

Um dia vocês vão ter idéia do que foi o ano de 2003 na vida deste país e na minha vida. Quando nós resolvemos aumentar o superávit (de 3,75% do PIB) para 4,25% do PIB, quando decidimos fazer um ajuste fiscal, eu só tinha uma perspectiva: ou nós fazíamos (no primeiro ano do primeiro mandato), que eu tinha capital político, na perspectiva de que estava plantando uma árvore frondosa, e recuperaria esse capital político, ou eu não faria porque ainda estava com o discurso da campanha na minha cabeça. E quando chegasse a 2004 eu não conseguiria fazer mais nada. Aí eu seria mais um que passou pela história do Brasil sem fazer o que precisava ser feito. Hoje, quando eu vejo determinadas manchetes, determinados comentaristas, articulistas falando da crise americana como uma coisa que pode (atingir o Brasil), eu digo que nunca estive tão tranqüilo na minha vida.

Por que tão tranqüilo?

Porque estou convencido de que temos solidez para segurar este país. As bases estão construídas. Tenho um mandato de quatro anos, e não quero ser julgado nem por seis meses, nem por um ano. Eu quero ser julgado pelos quatro. Foi duro, foi um sofrimento, vocês não sabem o que passou na minha cabeça no dia 1? de Maio de 2004, quando eu não pude dar reajuste (no salário mínimo). Hoje vivemos um momento bom, mas, se a gente perder a seriedade e achar que já pode fazer a farra do boi, nós poderemos quebrar a cara. Construímos o básico, mas ainda tem muita coisa para ser feita.

Tem gente ainda pensando em farra do boi?

Sempre tem. O que não falta é gente querendo que a gente gaste. E nós vamos gastar apenas aquilo que é essencial.

Há quem avalie que, ao final dos dois mandatos, o sr. deixará o PT com cara de PMDB. O partido não é mais o mesmo.

Não é possível que as pessoas queiram que o partido de 2007 seja o mesmo de 1989.

Mas tem gente no PT que quer.

Essa é a riqueza da democracia. O que é a riqueza de uma redação de um jornal? Pessoas juntas, mas que têm divergências sobre um ponto de vista - e dali o chefe consegue tirar uma linha editorial. Essa diversidade no PT é que permite que a gente nem vá para a ultra-esquerda nem para a direita. Que você fique em uma posição intermediária daquilo que é a política possível de ser colocada em prática, daquilo que é possível estar de acordo com a realidade.

O sr. disse que a base muito heterogênea é uma realidade do cenário político brasileiro. Disse que, ao chegar ao governo, teve de se adaptar. Será que a população não gostaria que o sr. tivesse se adaptado um pouco menos?

Primeiro, a grande mudança política aconteceu com a Carta ao Povo Brasileiro, na campanha de 2002. Ela balizou o tipo de compromisso que eu tinha assumido com o Brasil. Foi aquela carta que me deu a vitória em 2002. Eu sempre tinha 35% dos votos, e me faltavam 15% para ganhar as eleições. Aquela carta, a composição com José Alencar de vice, eram os ingredientes de que nós precisávamos para fazer com que a gente pudesse ter os outros 15%. Isso aconteceu, nós fomos a 61%. Portanto, não houve frustração de discurso porque o discurso foi o que me deu a vitória. Possivelmente, ainda temos de fazer mais para os setores médios da sociedade. Tem muita gente que tenta criar uma disputa entre pobres e classe média, que eu acho que não existe.

Como é que isso se reflete, na prática?

Acho que uma das razões pelas quais a Marta Suplicy perdeu as eleições foi a opção de ela fazer aqueles CEUs para privilegiar as camadas mais pobres. Setores médios da sociedade, que moravam em bairros próximo aos CEUs, que não tinham uma escola de qualidade como aquela para colocar seus filhos, (reagiram) com um pouco de preconceito.

Voltemos à base heterogênea: precisa dar esse apoio ao presidente do Senado, Renan Calheiros?

O caso Renan é um caso típico do Congresso. O que eu posso fazer como presidente da República? Nada, a não ser torcer para que o Senado resolva aquele problema. O Senado poderia ter resolvido mandando para a Suprema Corte, mandando para o Ministério Público...

Mas o governo é acusado de proteger o senador Renan.

Algumas pessoas insinuam que o governo está ajudando. O governo não ajuda, até porque não tem como ajudar, mesmo que quisesse.

Mas a solidariedade do sr. não gera mais ônus do que bônus para o governo?

Não, a minha solidariedade será para você, no dia que você for injustiçado, porque, na hora que tiver uma acusação contra você, eu vou te defender até que você seja julgado e condenado.

O sr. acha que ele está sendo injustiçado?

? que eu acho que não houve julgamento ainda. O que há é um processo de acusação e um processo de defesa, todo dia. Vai chegar o momento em que tem de decidir. Mas, enquanto não decidir, eu não posso condenar ninguém.

O País não sofre de excesso de condescendência? No caso do senador Renan, que é presidente do Senado e do Poder Legislativo, só o fato de ele aceitar favores de um lobista de empreiteira para pagar suas contas pessoais já não é quebra de decoro?

Eu posso não gostar de uma coisa que você tenha feito, mas eu não posso, a priori, querer que você seja condenado para satisfazer a minha posição. Eu quero que você seja defendido e possa provar se é inocente ou não.

O sr. reclama que a imprensa vive falando do toma-lá-dá-cá com o Congresso. O que explica, porém, que o governo só libere emendas e cargos quando tem votações importantes no Congresso? Agora, para renovar a CPMF, tem liberação de emendas, Luiz Paulo Conde assume Furnas...

Cada um tem o direito de fazer o juízo de valor que entender. Em fevereiro de 2005, numa reunião da Granja do Torto, nós decidimos que as emendas deveriam ser liberadas no máximo três vezes ao ano, março, julho e agosto, independentemente de votações no Congresso. Eu disse que não queria mais ouvir conversa de emenda e pedi que fizessem um calendário de liberação.

E os cargos?

São cargos naturais de um governo que é de coalizão. ? só ver o que aconteceu na Alemanha. O que acontece, agora, na França. O Sarkozy tem gente do Partido Socialista no governo dele.

Mas Luiz Paulo Conde em Furnas?!

Não tem nenhum problema. O Conde é um homem altamente qualificado para dirigir qualquer coisa neste país. O que é importante é que seja um político de competência para você montar uma equipe extraordinária. Nem todo técnico foi jogador de futebol, como nem todo maestro precisa saber tocar todos os instrumentos da orquestra. Peguem o Estadão de 10 ou 15 anos atrás e vejam o que vocês escreviam: “Governo libera emendas na hora da votação.” ? uma coisa crônica no País.

O que ficou da investigação do mensalão, no seu primeiro mandato?

Ficou o seguinte: quem erra paga. Houve uma denúncia, que foi apurada. Saiu do Congresso e foi para o Ministério Público, que fez a sua parte. O MP pediu indiciamento. Foi para o Supremo, que decide ou não se acata o indiciamento. E aí as pessoas serão processadas em função de novas provas e novas investigações. Tem gente que acha que isso é um trauma. Para mim, não. Para mim, isso é um canal de desobstrução da democracia brasileira.

Quem errou, presidente?

Eu não sei quem errou.

O PT errou?

O PT não errou. Eu acho que pessoas do PT podem ter errado.

O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) errou?

Não me perguntem, eu não sou juiz. Eu acho que quem errou pagará pelo erro que cometeu. Agora, o que eu quero para mim, para os meus amigos e para os meus adversários é que todos tenham direito à defesa.

Até hoje, o sr. não disse quem o traiu.

Nem vou dizer. Porque não é necessário. O PT não merecia passar pelo que passou. E isso faz parte da história contemporânea do País. Não faz parte do passado, não.

Este julgamento no STF pode ser considerado um julgamento do seu primeiro mandato?

O governo já foi julgado (nas urnas). E vitoriosamente.

Mas, se for aberto processo penal contra o ex-ministro José Dirceu, isso vai provocar algum impacto no seu governo, não?

Não. Causa impacto para ele. No governo, nenhum.

O que é ser ético na política?

O político é resultado de um processo eleitoral. Quem está no Congresso não foi indicado aleatoriamente por outro Poder. Em um determinado dia do ano, o povo foi lá, na urna, votou e escolheu A, B ou C. Na eleição seguinte, o povo avalia e faz as mudanças que quer. Ser ético, na política ou fora dela, é agir com correção, ter um comportamento individual público correto.

O sr. teve indícios do mensalão?

Não. Não. Eu quero ver o resultado do julgamento, quero ver o processo. Isso vai terminar um dia. Eu acho determinadas coisas abomináveis. Entretanto eu, como presidente da República, sou obrigado a esperar para ver. Eu fico imaginando alguém imaginar que o Professor Luizinho, que era líder do governo, precisava de receber dinheiro para votar com o governo. Mas, como ele pegou R$ 20 mil, ele entrou no mesmo bolo, como entraram outros. Eu acho isso abominável.

E o José Genoino?

Do que o Genoino era acusado?

Ele era o presidente do PT.

Ai meu Deus do céu! Eu, a priori, não digo que ninguém é inocente ou culpado. Quem for culpado que seja condenado. Agora, quem acusou peça desculpas aos que forem inocentes. Porque a palavra desculpa está fora de moda no Brasil.

A reforma política naufragou?

Continuo achando que a reforma política é uma necessidade neste país. Defendo o financiamento público e crime inafiançável para quem pegar dinheiro privado. Mas isso é uma posição minha. Se for debatê-la, nem sei se vou vencer até dentro do PT. Acho que é preciso acabar com a figura do suplente de senador, sou favorável ao voto distrital misto, à lista (fechada). Mas não é recomendável que o presidente tenha um projeto. A reforma política deve ser discutida pelos partidos políticos.

Mas fazer uma Constituinte exclusiva para reforma política não é um risco?

O que eu sei é que fazer uma reforma política com as mesmas pessoas que estão lá, no Congresso, sendo beneficiadas pelas regras atuais, é muito mais difícil. Cada partido defende seus interesses, pensando nas próximas eleições. ? errado? Não, é um direito do partido pensar assim.

O sr. acha, então, que o ideal seria mesmo a convocação de uma Constituinte específica para a reforma política?

Não me pergunte o que seria ideal. O ideal é que o Congresso e os partidos políticos decidam fazer uma reforma política.

Sempre que há uma crise política, ou o governo está sob críticas, o sr. costuma fazer esse discurso sobre governar para os pobres. O mensalão está no STF, o sr. recebeu as lideranças das trabalhadoras rurais e aproveitou para repisar esse discurso. Por quê? Isso não divide o País?

Sempre fiz esse discurso e vou continuar fazendo. Isso não divide o País, que estava dividido antes. O que nós estamos tentando fazer, neste momento, é unificar o País.

O que é unificar o País?

? que as pessoas estavam acostumadas a ver o Brasil assim: uma parcela, metade da sociedade, que conquista a cidadania; outra metade, que está marginalizada, e não vai ter direito a nada. O que nós fizemos: primeiro, manter o status quo dos que já têm (cidadania); garantir uma política forte para trazer a parcela que está fora para dentro do mercado. ? isso que nós estamos fazendo. Vamos ser francos: durante oito anos, a classe média não teve reajuste na tabela da alíquota do Imposto de Renda, e nós já fizemos dois reajustes. Agora, nós já colocamos 360 mil jovens no ProUni. Quando nós criamos o ProUni, lembro que teve uma manchete que disse: “Governo nivela educação por baixo”, ou seja, eu estava baixando o nível da universidade. Qual foi o resultado? Nos testes do MEC, em 14 áreas, os melhores alunos foram os do ProUni. De 1909, quando Nilo Peçanha criou a primeira escola técnica, até 2003, foram criadas 140 escolas técnicas. Eu vou deixar o País com 314 escolas técnicas. Vou fazer, em oito anos, 164 escolas técnicas, um pouquinho mais do que se fez em 93 anos. Inventamos o Luz para Todos. Essas coisas é que começam a fazer a diferença na vida do povo brasileiro. Acho que muitas dessas coisas não são retratadas (na imprensa) com a veracidade necessária. Mas a liberdade de imprensa foi o que garantiu que eu chegasse à Presidência da República. A minha tranqüilidade é que hoje a gente tem uma sociedade mais experimentada. Se o jornal mentir, quem vai dizer se ele mentiu ou não é o leitor, que vai deixar de comprar. Se a TV mentiu, quem vai desligar o aparelho é o telespectador, não sou eu.

Quem são as pessoas que não querem que o governo invista nos pobres, adote esses programas sociais?

Se você ler alguns colunistas, o que eles escreveram sobre a recente crise (da especulação financeira com créditos podres), você vai perceber o seguinte: no fundo, as pessoas estavam torcendo para que a crise americana afetasse o Brasil. Tem determinado tipo de gente que trabalha contra porque ele percebe que a única chance dele é o governo dar errado.

Mas quem são essas pessoas?

Não me perguntem quem são porque vocês sabem quem são. Isso está estampado em discurso, em manchetes. Quando eu criei a política de desoneração do material de construção civil, qual foi uma das manchetes hilariantes que eu vi: “Lula contribui para a favelização do Brasil.” Quando eu crio o Bolsa-Família, qual é a manchete? “Lula faz assistencialismo.”

A crítica que se faz é que o governo está fornecendo uma série de bolsas para famílias, para policiais, para jovens, como se fossem mesadas.

O caminho de saída é o crescimento do País.

A Bolsa-Família, por exemplo, é uma coisa temporária?

? lógico que é temporária. ? temporária enquanto tiver pobre abaixo da linha da pobreza. Mas qual é o caminho de saída? O que vocês acham que significa o crédito consignado? Por que durante tantos anos nenhum economista neste país utilizou as palavras “crédito consignado”, que nós adotamos e permitiu colocar milhões de brasileiros, que nunca haviam entrado em um banco, com acesso a crédito mais barato. Por que nós saímos de quase trezentos e poucos bilhões de dinheiro de crédito para quase R$ 800 bilhões de crédito? Então, o Bolsa-Família é a primeira alavanca, é aquela máquina de oxigenação que a gente dá para a criança quando está com asma. ? o primeiro suspiro dos mais miseráveis. Quando a economia cresce, essa gente vai saindo do Bolsa-Família. Quando a gente sai de R$ 2 bilhões investidos no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para R$ 12 bilhões, alguma coisa acontece. Alguma coisa vai acontecer neste país.

A tendência do Bolsa-Família, então, é chegar ao final do governo com menos gente?

A tendência do Bolsa-Família é chegar ao final do governo com menos gente, na medida em que vai diminuindo a pobreza. Isso é o ideal.

Seria o indicador de sucesso do País?

Lógico. E já aconteceu, porque os estatísticas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/IBGE) mostram que 8 milhões de pessoas já deixaram a pobreza, mostram que o crescimento do consumo no Nordeste é maior do que o crescimento chinês. Quando nós entramos no Nordeste comprando leite é porque o mercado oferece para o pequeno produtor R$ 0,30 o litro do leite de vaca e R$ 0,70 pelo litro de leite de cabra. Nós pagamos R$ 1 pelo litro de leite de cabra e R$ 0,70 pelo litro de leite de vaca. Antes, as pessoas não conseguiam vender o leite na feira, ele azedava e era jogado fora. Agora, essas pessoas voltam para casa e, em troca do leite, compram uma galinha ou um quilo de carne. As pessoas vão se retirando do Bolsa-Família, na medida em que o mercado de trabalho vá oferecendo oportunidades.

O último perfil do Bolsa-Família diz que é um sucesso a distribuição do dinheiro, mas as condições de saneamento e coleta de lixo nas áreas pobres continuam precárias. Por que não há um programa, no governo do PT, promovendo uma verdadeira redenção sanitária?

Essa pergunta só pode ser feita se deixarmos de ver o que acontecia antes de eu chegar à Presidência. Passamos anos sem liberar um centavo para saneamento básico. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem R$ 40 bilhões para saneamento e urbanização de favelas, atacando, em primeiro lugar, as regiões metropolitanas do País, porque é lá que está a concentração de degradação da estrutura da sociedade brasileira. O PAC da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) tem R$ 4 bilhões para levar água potável e esgotamento sanitário para 90% das comunidades indígenas. Vamos ter 50% dos quilombolas legalizados neste país. Temos R$ 3 bilhões para atacar os problemas em cidades com menos de 50 mil habitantes, que têm maior índice de mortalidade infantil, doença de Chagas e malária. Grande parte dessas obras começa a acontecer a partir de fevereiro - antes, fizemos os acordos do governo federal com os prefeitos e os governadores.

O sr. vê os erros como uma coisa natural, como parte do processo de aprendizado da sociedade, até mesmo no ambiente político. O sr. cobrou rapidez e urgência na resolução da crise aérea e nada aconteceu.

Outro dia saiu na manchete de um jornal que um deputado disse que havia dito que eu não sabia da crise aérea. O que eu disse foi o seguinte: antes do acidente do Legacy com o Gol ninguém falava de crise aérea neste país. Eu fui candidato, fiz 500 entrevistas com você, Vera Rosa, e você nunca me perguntou de aeroporto, porque não era um problema. Quando eu ganhei as eleições, a questão era melhorar a qualidade de vida dos passageiros nos aeroportos. Por isso é que nós investimos em todos os aeroportos para fazer “finger” (pontes de embarque), estacionamentos, que era a demanda da época do crescimento do turismo. Quando aconteceu o acidente, a primeira acusação foi que tinha um buraco negro no sistema de proteção ao vôo, na Amazônia. A Aeronáutica diz que não tem nenhum buraco negro, que tinha sido um erro dos controladores. Algumas coisas me cheiravam a uma má-fé desgramada, com aeroporto apagando a luz, com manutenção que não estava sendo feita. Então, nós fomos descobrindo que tinha problema nos aeroportos. E descobrimos mais: que as empresas estavam muito açodadas na sua gana para ganhar dinheiro.

Mas ninguém fiscalizava as empresas aéreas?

A sociedade brasileira queria a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Anac era uma reivindicação histórica. Não tinha um sindicalista que não dissesse que era preciso ter a Anac. Foi construída a Anac, mas, obviamente, ela leva um tempo para se construir e para tomar pé. E a agência tomou pé no momento da crise aérea. Até que nós chegamos ao acidente em Congonhas (com o avião da TAM, no dia 17 de julho, com 199 mortos). A ordem que dei ao ministro Jobim foi esta: você tem carta branca para fazer o que tiver de ser feito. Nós precisamos começar a resolver os problemas em definitivo. E temos de começar pelo comportamento das empresas. Muitas vezes se escrevia que a Infraero não dava informações sobre os vôos atrasados, mas o que não estava sendo comunicado é que aquele avião tinha trazido o passageiro de Pernambuco para Brasília e, quando chegou aqui, não tinha tripulação. Como as companhias estavam usando os seus aviões 14 horas por dia, qualquer falha deflagrava um efeito dominó. E as empresas, algumas, colocavam comandantes para falar que era culpa dos controladores, quando o controlador não tinha nada a ver com aquilo. Nós cansamos. Cansamos. Pagamos um preço, e agora é preciso consertar.

Tem de mudar a lei das agências reguladoras?

O Nelson Jobim vai apresentar uma proposta. Não tem mais contemporização.

Mas qual deve ser o padrão de agência reguladora? Demite os diretores, não demite, tem mandato...

O correto é o seguinte: a agência regula, mas quem define a política pública é o governo.

Mas vai ter um mecanismo que permita o controle sobre a direção?

O governo determina a política, e a agência implanta. Se a agência cumprir a sua função, de defender quem utiliza o serviço público, de garantir o preço mais justo, de fazer funcionar, cumpriu a sua tarefa.

No início da entrevista, o sr. disse que é pernicioso ter alguém que se considera insubstituível ou imprescindível, que isso gera ditadorzinhos. O presidente venezuelano Hugo Chávez está querendo reeleições por tempo indeterminado. Ele é um ditador?

Eu não julgo o comportamento de outros países. O Chávez está propondo uma mudança na Constituição. Se tiver maioria para fazer... Eu não peço (reeleições indefinidas) porque eu sou adepto da alternância de poder. Eu acho que oito anos é o suficiente para que eu faça aquilo que acredito que é possível fazer. Outro virá e fará mais.

A falta de alternância de poder atenta contra a democracia?

Eu sei o que você quer perguntar, e você sabe o que eu quero responder. Eu sei, mas a minha resposta é objetiva: cada país determina a lógica da sua vida política interna. Eu reafirmo que a alternância de poder é uma exigência extraordinária para o exercício da democracia.

Então o sr. repudia esses comentários que dizem que o sr. pensa na possibilidade de um terceiro mandato com essa convocação

de uma Assembléia Constituinte para fazer a reforma política?
Repudio não. Quem fala isso é mentiroso, tem má-fé, não só porque eu não acredito nisso, não quero isso, como sou contra isso.

Mesmo com uma feitiçaria política do povo pedindo na rua um terceiro mandato?

Não tem essa de o povo pedir. Meu mandato termina no dia 31 de dezembro de 2010. Agradeço ao povo brasileiro o carinho que teve comigo e passo a faixa para outro presidente da República em 1? de janeiro de 2011. E vou fazer meu coelhinho assado, que faz uns cinco anos que eu não faço.

Os dois maiores projetos do presidente Chávez para o continente são o gasoduto do Sul e o Banco do Sul, mas parece que nenhum dos dois interessa muito ao Brasil.

O gasoduto interessa, sim. Tem mais de 50 técnicos da Petrobrás discutindo com a PDVSA (a estatal venezuelana do petróleo) para ver a viabilidade econômica e ambiental do gasoduto. Se ficar comprovada toda a reserva de gás na faixa do Orinoco, nós temos um potencial extraordinário para desenvolver a América do Sul. O Banco do Sul também nos interessa, mas o que nós precisamos, primeiro, é definir qual é a característica dele. Nós já temos o CAF (Corporação Andina de Fomento), que funciona bem. Então, o pessoal está discutindo. A priori, não somos contra.

O sr. avalia que perdemos espaço para a Argentina e Venezuela na diplomacia latino-americana?

Nós construímos uma política na América do Sul que eu acho que é a mais consolidada em toda a história de nossas relações. A Argentina tem um papel importante na sua relação com o Brasil. Não existe disputa com a Argentina, e não existe disputa com a Venezuela. O Brasil tem US$ 4 bilhões de investimentos na Venezuela. O Brasil tem interesse em fazer parceria entre Petrobrás e PDVSA. Estamos muito bem relacionados na América do Sul, temos e tivemos esses problemas com a Bolívia, que são problemas naturais. O Brasil, com a maior economia, tem de ser sempre mais generoso com a Bolívia, o Paraguai, o Uruguai, porque são países menores, que precisam ter oportunidade de crescimento.

Como harmonizar a política externa na América do Sul com a aliança que surge forte com os Estados Unidos em torno do interesse pelo biodiesel e pelo etanol?

A maioria dos países da América do Sul e da América Latina está atenta à experiência dos biocombustíveis. O biocombustível, quando foi pensado, não foi só para o Brasil, foi para o continente africano, para a América Latina. ? uma forma de os países mais pobres não ficarem dependentes do petróleo, uma forma de criar alternativas que possam gerar empregos, que possam gerar produto de exportação para os países mais ricos.

Nicarágua, El Salvador, Costa Rica são países pequenos, mas todos eles têm potencial para exportar biodiesel e etanol para os EUA. ? correto os EUA produzirem etanol do milho?

Eu não gostaria que fosse do milho, vamos deixar o milho para as galinhas comerem. E gostaria que os EUA comprassem etanol dos países mais pobres, para que eles pudessem se desenvolver. A política do biodiesel é inexorável.

Na expansão da política do biocombustível, a Venezuela pode ser uma pedra no sapato?

Não, pelo contrário. A Venezuela está comprando três navios de etanol do Brasil para misturar na sua gasolina. Obviamente que a Venezuela, que é um país que produz 3 milhões de barris/dia, e consome só 15%, não tem a mesma necessidade que os países que não têm petróleo.

Por que o presidente Chávez, então, diz que a produção do etanol pode roubar áreas de plantação de alimentos?

Mas não é totalmente errado as pessoas terem uma preocupação com a disputa entre etanol e alimentos. Em um país como o México, o aumento do preço do milho, por exemplo, cria um problema grave porque o povo come muita tortilla. Não é o caso do Brasil. A política de biocombustíveis não pode ser conflitante com a política de alimentos.

Olhando em retrospectiva os quase cinco anos de anos de governo, qual foi seu grande acerto e seu grande erro?

Eu preferiria que vocês dissessem qual foi o acerto. Nosso grande acerto é a economia brasileira. Duvido que algum analista imaginasse que, em quatro anos, nós fôssemos ter US$ 160 bilhões de dólares de reservas. Cansamos de receber críticas quando começamos a fazer a nossa política externa voltada para a América Latina, ?frica e Oriente Médio. Mas nós tínhamos um caminho certo, que era mudar a geografia econômica mundial para que o Brasil não ficasse dependente de um único país. Embora a nossa exportação continue crescendo 20% para os EUA e 20% para Europa, ela cresceu 100% com a ?frica, 70% com o Oriente Médio e cresceu 50% com a América Latina. Então, o Brasil hoje não depende mais de um único parceiro.

Em que medida o sr. considera isso seu grande mérito, se boa parte da estrutura da macroeconomia é a mesma que foi montada pelo governo Fernando Henrique Cardoso?

Você é que diz. Se eu continuasse com a política, o País tinha quebrado.

Mudou o quê? O que mudou na essência macroeconômica?

Mudou tudo. Mudou a nossa relação internacional.

Mudou o quê na macroeconomia, presidente? Qual foi o ponto de virada em relação ao que existia?

O ajuste fiscal que nós fizemos em 2003. Você acha que não contou nada para a gente poder garantir a economia? A nossa política de crédito, a nossa política de transferência de renda? A nossa política de inovação tecnológica, a quantidade de desoneração que nós fizemos? Não mudou nada neste país? Os fatos comprovam as mudanças. E digo para vocês que eu talvez seja o presidente mais tranqüilo que já passou pela República brasileira. Acho que nenhum presidente da República teve a tranqüilidade que eu tenho hoje. O Brasil está sólido economicamente, está ficando sólido socialmente, está respeitado internacionalmente como nunca esteve, tem possibilidade de crescimento extraordinária, vamos implantar a TV digital. Estou muito tranqüilo.

Se o sr. não vai falar do seu grande erro, qual foi até agora a sua grande frustração?

Minha frustração é não ter feito mais do que eu fiz.

Diante dos elogios do sr. às reservas cambiais, podemos dizer que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi o seu grande achado na administração da economia?

Foi. Tanto é que ele está aí há quatro anos e meio.

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Liderança do PT na Câmara dos Deputados
Luiz Sérgio elogia liderança e postura democrática do presidente Lula
27 de Agosto de 2007 -
O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ), disse nesta segunda-feira (27), que a entrevista concedida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Estado de São Paulo reafirmou sua posição de “democrata” e demonstrou seu “amplo conhecimento” das ações do governo. “Foi uma entrevista extremamente positiva. O presidente Lula reafirmou a sua convicção democrática, o seu compromisso e a sua crença na democracia como instrumento importante. Ele também demonstrou que tem amplo conhecimento das ações do seu governo”, disse.

Luiz Sérgio citou pontos importantes da gestão do governo federal elencados pelo presidente Lula e que beneficiam setores da população que, antes, estavam “à margem” do acesso às oportunidades. “Dentre esses temas podemos citar os bons indicadores da economia, processo que tem levado à maior geração de emprego e crescimento econômico; o programa Bolsa-Família; o ProUni, que criou milhares de vagas e oportunidades para os jovens cursarem universidade, e as novas escolas técnicas que estão sendo construídas no Brasil”. E ainda, continuou o líder, “o crédito consignado que permitiu a expansão do crédito de forma mais barata a um setor que no passado vivia preso nas mãos de agiotas; e o financiamento maior à agricultura familiar”, disse.

Na avaliação do líder do PT, o presidente Lula reafirmou sua atuação política ao falar das eleições de 2010. “Como presidente da República, como militante político, como liderança, o presidente Lula reafirma o papel que lhe cabe num processo como o que nós vamos enfrentar em 2010: que terá candidato e subirá no palanque”, disse.

O líder do PT classificou como “descabidas” as reações de alguns setores da oposição em relação a entrevista. “As reações são descabidas, porque há muito de dor de cotovelo, de ciúme daqueles que torciam para que o governo Lula desse errado e, hoje, precisam se curvar e reconhecer que a gestão petista tem sido muito melhor do que as suas gestões”, disse Luiz Sérgio.

Gizele Benitz

CONCESSÃO PÚBLICA SÓ COM CONTROLE SOCIAL.

Para 5 de outubro, dia que expiram as concessões da Globo
CMS convoca atos contra o monopólio da comunicação
A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne CUT, CGTB, UNE, MST e Conam, realizará manifestações de rua e no Congresso em defesa do controle social sobre as concessões públicas de rádio e TV
O Seminário da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) sobre Comunicação, realizado sexta-feira (24) no Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, definiu o 5 de outubro - dia em que expiram as cinco concessões próprias da Rede Globo (SP, RJ, BH, Brasília e Recife) - como data simbólica para ações de rua e no Congresso Nacional que fortaleçam a campanha pela democratização da mídia. O mote “Concessão pública só com controle social”, debatido no evento, questiona a manipulação privada do espectro rádio-televisivo, ressaltando a necessidade de parâmetros legais mais rígidos e transparentes para o funcionamento das emissoras.
DITADURA
Membro da executiva nacional da CUT e representante da entidade na CMS, Antonio Carlos Spis avalia que “a escolha do 5 de outubro, quando se encerra as concessões da família Marinho, servirá para realizarmos um questionamento nacional sobre todas as renovações, pois é inadmissível que este bem público estratégico seja apropriado ao longo de décadas e renovado sem qualquer condicionante”. “Nossa luta pela democratização é contra essa ditadura da comunicação, que manipula, desinforma, age contra os interesses nacionais e populares. É a Rede Globo que está por trás da pressão pela aprovação da emenda 3, que assalta direitos e transforma todo trabalhador em pessoa jurídica”, lembrou Spis.
Coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, defendeu que é importante dar um sentido estratégico à luta, que é de oposição à “visão utilitária, instrumental e manipulatória da comunicação das elites, com sua prática autoritária, excludente e não-plural”. Para Schröder, “a idéia do controle público é fundamental, pois antes de um negócio, a comunicação é um serviço”. Para encarar de frente este problema, enfatizou, é preciso popularizar o debate sobre a democratização, pois a situação hoje é ainda mais grave pela ameaça de desnacionalização do setor a partir das teles. “Assim, precisamos fazer de cada verdade um ato político e não burocrático, fazer com que as regulações existam e sejam cumpridas”.

INTERVOZES
Em nome do Coletivo Intervozes, João Brant resgatou o papel do seminário para que os movimentos sociais se apropriem cada vez mais deste debate estratégico, pois “as concessões são o instrumento que oficializa, materializa e dá o poder que tem hoje meia dúzia de famílias sobre o conjunto da sociedade brasileira”. “O modelo de concessões no Brasil segue o padrão ‘velho oeste’, onde os empresários reinam sozinhos, ditam as regras e não cumprem nem o pouco que a lei prevê. Não há participação no debate sobre a concessão e renovação de outorgas, que acontece sem responder a nenhum critério”. De acordo com João Brant, “a ilegalidade a imoralidade sustentam um sistema de comunicações concentrado e nada plural, em que o monopólio e o oligopólio proibidos pela Constituição em seu artigo 220 estão presentes regional e nacionalmente”. Desta forma, diante da “completa privatização do espaço público, o momento é de pôr em xeque a lógica mercantilista, que impede o florescimento de novos meios, enquanto os detentores das concessões seguem sem prestar contas a ninguém sobre o uso que fazem delas”.
Para o vice-presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), é fundamental levar a luta da democratização da comunicação para dentro do Congresso. “As concessões públicas não podem mais continuar servindo como poder paralelo dos oligopólios. O Legislativo tem papel importante nesta luta contra o jogo sujo de meia dúzia de famílias que quer submeter, intimidar e esculhambar a quem se opõe que o Estado seja privatizado, a que seu projeto entreguista seja efetivado”. Segundo Bira, os que lutam por um Brasil melhor, livre e independente, devem levar em conta que “manipulação, calúnia e difamação são as armas da mídia contra os que não rezam a cartilha do imperialismo”.
Em nome da Marcha Mundial de Mulheres, Sônia Coelho denunciou a mídia pela manutenção da opressão e da reprodução das desigualdades, deturpando a imagem feminina. “Não é que venda a pulseirinha da garota da novela para ser consumida por milhões, a Globo faz da mulher o próprio produto a ser vendido, naturalizando estereótipos como se fôssemos só bunda e peito. Além disso, estimula a gravidez na adolescência, o racismo e a violência contra a mulher, invisibilizando a luta política das que querem transformar a realidade e afirmar outro projeto de país”.
Igor Felippe Santos, da assessoria de Comunicação do MST, deu ênfase ao papel do movimento social na disputa pela hegemonia com os conglomerados de comunicação. Para o embate com a Globo, Igor acredita que a retomada da RCTV pelo governo Chávez na Venezuela, “cumpre papel pedagógico importante para toda a América Latina, pois demonstra que as redes não são sagradas, que são bens públicos e devem ser reguladas pelo Estado”.
Representando a Central de Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga Gegê defendeu que a campanha pela democratização da comunicação vá às bases, dialogando com a parcela mais atingida pela política de discriminação e exclusão dos barões da mídia.
Entre outros, participaram do evento representantes da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), da Campanha quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania e da executiva nacional dos Estudantes de Comunicação Social.
LEONARDO SEVERO

A CAMPANHA "CANSEI", NÃO CONTEM COMIGO!

Por Guilherme Arruda Aranha*

A campanha "cansei", promovida pela OAB/SP e por setor do alto empresariado nacional, auto-intitulada "movimento cívico pelo direito dos brasileiros", convoca os cansados em geral a fazer um minuto de silêncio às 13h00 de hoje "pelo bem do Brasil".
Não contem comigo: não vou fazer um minuto de silêncio nem vou bater panelas, pois cansei mesmo foi das campanhas "da paz", campanhas "contra o governo" e sobretudo das campanhas do tipo "cansei". Cansei também dos berros da classe média, oprimida entre os ricos e o crime organizado, se achando o umbigo do universo.
Cansei da classe média incapaz de se ver refletida no espelho que é a política, sem a dignidade de assumir que a corrupção que tanto critica nos "outros" é, em sua origem, a mesmíssima daquele que desembolsa cinqüenta reais para não ser multado, que atravessa o sinal vermelho porque não tem guarda olhando e que faz ultrapassagem pelo acostamento na volta do feriadão.
Cansei da classe média que só enxerga a corrupção dos políticos mas é cega e complacente com empresários corruptores e sonegadores de impostos. Cansei da classe média que não se dá conta que a moral só existe na primeira pessoa e que o resto é moralismo (para quem negocia com o dinheiro público, seja político ou empresário, desejo apenas a aplicação da lei). Cansei da classe média pedindo o retorno de governo autoritário, de direita ou de esquerda, pouco me importa, para "moralizar essa bagunça". Era só o que faltava.
Cansei da classe média disparando e.mails ideológicos e confundindo isso com consciência política. Cansei da classe média com acesso a ensino de qualidade mas que só lê, quando lê, o mesmo jornal, a mesma revista de sempre e nunca leu Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, Marx, Proudhon ou Weber. Não precisava sequer ler na fonte, bastava pegar um livro introdutório para entender algumas das divergências entre tantos autores geniais, atentos às riquezas e misérias da formação daquilo que chamamos hoje de Estado moderno, situando-se um pouco melhor no mundo em que vivemos.
Cansei de uma classe média que odeia a política pelo erro primário e cristão de confundir seres humanos com anjos, o que é uma receita para a decepção, pois é óbvio que homens não são anjos e, portanto, precisamos de política, este mal necessário. Cansei do mesmo bom-mocismo que divide o mundo de forma maniqueísta: o "Bem" está com a classe média, o "Mal" está com os políticos, aqueles estranhos seres corruptos que vieram de outro planeta e precisam ser exterminados.
Cansei também de achar que o Brasil é uma porcaria maior do que outros países (não é mais nem menos porcaria que EUA, Cuba, França, Canadá, Japão, Austrália, Espanha, Itália ou Suíça). O Brasil tem suas contradições (como qualquer país) e uma delas é ser uma força econômica com péssima distribuição de renda. Aqui a noção de poder legal (Weber) ainda é subversiva e o capitalismo é selvagem. E uma hora os pobres virão mesmo cobrar o que é deles.
Agora agüenta, classe média: a incompetência também é nossa e não só dos políticos. Agora agüenta, elite blindada e herdeira de nossa tradição autoritária: a má distribuição de renda é um problema coletivo; a indústria dos carros blindados e dos condomínios murados, uma solução individual (e individualista). Mas essa equação não fecha: não há soluções individuais para problemas coletivos.
Em suma: como advogado paulista não me sinto "representado" aqui pela OAB/SP (não foi com o meu aval que esta entidade uniu-se à "indignação" de um empresário como João Dória Junior, a quem apraz promover desfile de cachorros de madame em Campos de Jordão). Como cidadão, não vejo nada de "cívico" nesse movimento, orquestrado sabe-se lá com qual verdadeira finalidade. E se uma dessas finalidades for um movimento "fora Lula", sou contra, assim como era contra o "fora FHC", não por simpatia política, mas por convicção democrática.
Antes que me perguntem qual é, afinal, a solução para todos os problemas de nosso país, respondo o óbvio: não sei. Sei apenas que não existe mágica. Fiquemos, pois, com a política e façamos dela a nossa responsabilidade (e não apenas a responsabilidade dos "outros", os políticos), conscientes de que no meio do caminho há pedras. Sempre haverá pedras no meio do caminho.
Hoje, portanto, não bato panelas nem faço um minuto de silêncio. Há exatos 20 anos, aliás, morria Drummond. Às 13h00 de hoje, em homenagem ao poeta, chutarei uma pedra na rua. Ao anoitecer, porém, saberei que "é a hora dos corvos, bicando em mim meu passado, meu futuro, meu degredo: desta hora, sim, tenho medo".
__________________
* Guilherme Arruda Aranha, 35, advogado, mestre em Filosofia do Direito e do Estado pela PUC/SP e professor de Filosofia do Direito (PUC/SP e UNIFIEO), além de pertencer à classe média.

domingo, 26 de agosto de 2007

NÃO, Á POLÍTICA DE CACHORRO CAPADO!

NÃO, À POLÍTICA DE CACHORRO CAPADO!

Animais que o homem historicamente aprendeu a criar para o seu próprio alimento são normalmente castrados em tenra idade. É o que ocorre com as criações de bovinos e caprimos, por exemplo, alem de suinos. Ato de violência contra seres vivos, tem a sua justificativa nos resultados da produção de alimentos em escala: a castração possibilita uma engorda rápida e um produto mais macio e saboroso.
Mas animais domésticos outros, utilizados pelo homem para fins diversos, essa mutilação, quando executada, é algo desastroso e condenável. Cães e cavalos, por exemplo, são os casos mais cartacteísticos.
A castração de um animal faz surgir um ente acomodado, sem a agressividade própria da espécie, que leva uma vida medíocre de quem vive pastando e ruminando até a hora do abate. Diferente daqueles que são perservados para a reprodução, os quais se destacam pela sua altivez, espirito de disputa e competição. Compare-se um boi reprodutor - chamado de "marruá" - ou um bode dito "inteiro", com os seus similares castrados.

Mas se a castração de animais destinados ao abate se justifica pelos objetivos previstos, a castração de cães e cavalos é uma pura violência. Quem já observou um cachorro assim mutilado ("capado", na liguagem vulgar) bem entende o drama. Ao contrário da agressividade própria da espécie, dos sentidos sempre aguçados e em alerta, temos um animal pachrorrento, que foge a qualquer disputa com os da sua espécie, sempre andando com o rabo entre as pernas. Uma lástima!

Isso tudo está sendo dito a propósito de uma comparação figurativa. Na década de 60, quando na jovem esquerda revolucionária combatiamos a política reformista capitaneada pelo chamado Partidão (o PCB), era costume se ridicularizar as propostas de conciliação de classes então vigentes como "política de cachorro capado". Era um termo que bem caracterizava o abondono de posições próprias, de classe, a submissão dos interesses dos trabalhadores aos interesses da burguesia, a recusa ao necessário combate de classe contra classe. Dizíamos: isso é uma política de cachorro capado! Era como estivessémos dizendo: vocês são uns seres despresíveis, covardes, traidores da classe que dizem representar! E eles nos respondiam: vocês são radicais e inconsequentes! Mas a história provou de que lado estava a razão.
Pois bem, estamos hoje enfrentando, a nivel da política municipal do PT, uma nova versão da política de cachorro capado. Isto está bem caracterizado nas últimas resoluções do Diretório Municipal acerca do apoio ao governo João Henrique. São resoluções duvidosas, que não deixam as questões claras, que fazem arrodeios para dizer quase nada. Mas que não conseguem esconder o oportunismo político dos seus defensores. Oportunismo de quem não quer partir para o confronto, de quem não quer travar a boa luta, justamente porque não querem perder o seu pedaço (agora ou depois) no podre bolo do poder municipal. Por seus interesses próprios, castram os interesses do partido.

Por isso tudo é que quero aqui manifestar o meu integral apoio à proposta do companheiro Paulo Pontes, no sentido de que levantemos já a discussão da sucessão municipal. Contra a política conciliatoria dos oportunistas vamos sim construir a candidatura prápria. Mesmo que tenhamos de bancar um plesbicito. Mesmo que tenhamos de bancar um anti-candidato! O coletivo 213pt com certeza abraçará esta proposta.

Vamos nos unir e dizer alto e bom som:

SENHORES, CASTREM-SE A SI PRÓPRIOS MAS NÃO CASTREM O NOSSO PT!
Orlando Miranda
Pres. Diretório da 13ª Zona

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

MAIS UMA MEDIOCRIDADE DA MÍDIA?

Mediocridade, mais uma criação da mídia?
por Mylton Severiano
No fim do ano passado, em visita à França, vi num canal de televisão um debate sobre os rumos da esquerda, da democracia, do socialismo. Falaram homens e mulheres de tudo quanto é tendência. Durou mais de duas horas. O programa vem à memória quando finalizamos, na redação de Caros Amigos, a reportagem principal de nosso próximo número, de setembro. Usamos como gancho o movimento "Cansei" e estendemos o alcance de nossa lente a várias esferas, política, esporte, humor, publicidade, música, judiciário, meios de comunicação – estes, que agora me trazem à lembrança o programa de alto nível da tevê francesa, porque jamais veríamos algo parecido por aqui.
Estaríamos atravessando uma nuvem de mediocridade em várias áreas? Um de nossos entrevistados, o jurista Dalmo Dallari, acha que, no caso do judiciário, o que existe é "um excesso de escândalo sobre coisas que não são novas", por exemplo a lentidão da justiça, que o próprio judiciário "hoje está atacando". Para Dallari, portanto, sinal de mediocridade é um fato só merecer notícia se "virar escândalo".
Um dos entrevistados que me couberam, o colega Paulo Henrique Amorim, classifica o "Cansei" de "um movimento da extrema direita, que cansou de perder eleição". Diz que o Brasil que "ficou medíocre" é o Brasil de Fernando Henrique Cardoso e do "grupo de intelectuais paulistas" que o cerca – "eles iam iluminar o Brasil com sua inteligência superior", mas o projeto "foi pro saco porque não era um projeto".
A ensaísta e teatróloga Heloneida Studart, deputada fluminense pelo PT, não perdoa nem suas cores, "vivemos uma mediocridade de políticos de alguns partidos, inclusive do meu, que ainda não compreenderam que a política é o grande movimento pelo bem público, não pelos interesses pessoais".
Entrevistamos representantes da política, do jornalismo, da publicidade, da justiça, das ciências sociais, do cinema, dos quadrinhos; e um jovem do hip-hop de Brasília – que, enquanto nos falava ao celular rodando de carro pela periferia da capital federal, foi parado e revistado duas vezes pela polícia (em matéria de pegar no pé de pobres e negros a polícia não é nada medíocre). A sensação de mediocridade é geral, mas a vários entrevistados não escapa que existe um Brasil grandioso, aonde a mídia não vai, porém, por isso ninguém vê. É o caso do Nordeste, cuja economia cresce ao ritmo de 10% ao ano – "cresce a taxa chinesa", diz Paulo Henrique Amorim.
Outro colega, Ricardo Kotscho, que trabalhou no governo no início da gestão Lula, ressalta:
"A vida da maioria das pessoas está melhorando, todos os indicadores mostram, não é porque trabalhei no governo, é só pegar salário, emprego, inflação controlada, juros caindo, exportações, balança comercial, consumo de alimentos, cimento. Enquanto isso, você pega os jornais e parece o apocalipse."
A princípio, salta das inúmeras entrevistas que coletamos a constatação, mais uma vez, de que a mediocridade é um fenômeno "de mídia", por sua vez nivelada "por baixo". Recentemente, por exemplo, meu televisor quebrou e deixei pra lá. Fiquei quase um ano sem ver televisão regularmente. Não fez grande falta. É como diria Oswald de Andrade: a ausência desse jornalismo praticado hoje em dia preenche uma lacuna. Mas aguarde o número de setembro de Caros Amigos. Há grandes e saborosas revelações na reportagem principal.
Mylton Severiano é jornalista
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INVASÃO DE PRIVACIDADE


Luis Nassif ONLINE

23/08/2007 19:03

Enviado por: Aton Fon Filho
Nassif,
O jornal O Globo de hoje estampa fotografias dos computadores de Ministros do STF durante a sessão de ontem, primeira da audiência para decidir sobre o recebimento ou não da denúncia contra os 40 acusados pelo Ministério Público Federal de comporem esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes. E a matéria esclarece que a Ministra Carmen Lucia discutia com o Min. Lewandowsky indicando que outro ministro, Eros Grau votaria contra o recebimento da denúncia.
As fotografias, tiradas por trás e voltadas diretamente para os computadores dos ministros não escondem a intenção de quebrar a intimidade e violar o sigilo da correspondência que eles trocavam (Afinal, para quem não sabe, mensagens eletrônicas também são protegidas porque constituem igualmente correspondência).
Repetiu-se ali o mesmo que aconteceu quando outro repórter fotográfico (ou terá sido o mesmo) com uma poderosa teleobjetiva captou imagens do Palácio do Planalto em que Marco Aurélio Garcia recebia a notícia de que o acidente da TAM possivelmente tivesse sido devido a falha do equipamento.
Independentemente do conteúdo das mensagens trocadas, e do gesto do ministro Marco Aurélio, o que acho que fica em discussão é a utilização por parte da mídia de recursos como esses, invasivos da esfera da intimidade ou da esfera funcional protegida de algumas pessoas.
Lembro ainda duas outras situações em que a TV Globo se valeu de artifícios semelhantes, uma delas quando em uma audiência, no Rio de Janeiro, com seus poderosos microfones logrou ouvir a conversa entre um advogado e seu cliente, quando este era orientado a modificar a voz para uma comparação que ia ser feita. Tratou-se, naquele caso, de violação de conversa protegida por confidencialidade, aquela entre o advogado e seu cliente.
De outra feita, a TV Globo armou a famosa entrevista com a então acusada de haver matado seus pais, Suzanne Richthofen, e também naquela oportunidade violou a conversa sigilosa entre o advogado e sua cliente.
São, portanto, quatro situações de violação de sigilo de comunicação, com efeitos jurídicos danosos e com a clara intenção de provocar efeitos danosos, embora não necessariamente aqueles que decorreram. Digo isso porque no caso de Suzanne Richthofen e da conversa entre o advogado e seu cliente durante a audiência, tenho lembrança de que as conversas foram expurgadas dos autos por decisão judicial superior. Mas, cumpriram o papel de desmoralizar os defensores e os réus perante a opinião pública, ajudando no processo de linchamento.
Que lhe parece da utilização desses recursos?
Não lhe parece que a impunidade desses jornalistas demonstra o imenso poder que a mídia exerce hoje, quando ademais de se atreverem a violar descaradamente a intimidade, a lei que a protege, logram intimidar as vítimas das violações?
Pode ser que em nesses casos anteriores, não tenha sido punido nenhum dos autores desses crimes, pelo medo que as vítimas tinham do poder da TV Globo.
Será que agora, quando os magistrados da mais alta Corte brasileira foram vítimas dessa invasão de privacidade, terão também eles medo do poder da Vênus Platinada?
Mesmo porque, fica, em qualquer hipótese, a possibilidade de os próprios advogados dos denunciados interessados naquele julgamento pleitearem a nulidade do julgamento em virtude do pré-julgamento e dessa quebra de sigilo.
enviada por Luis Nassif

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

FAMÍLIAS DE VÍTIMAS SE SENTEM USADAS PELO "CANSEI"

Famílias de vítimas se sentem usadas pelo "Cansei"

Vagner MagalhãesDireto de São Paulo
Alguns parentes de vítimas do acidente com o Airbus 320 da TAM afirmaram que se sentiram usados pelo movimento "Cansei", que realizou ato no início da tarde desta sexta-feira na Praça da Sé, no centro de São Paulo. "Fomos usados. Estávamos aqui para prestar uma homenagem às vítimas e nem isso conseguimos fazer", disse Ana Maria Queiroz, mãe de Arthur Queiroz, morto no acidente.
» "Cansei" faz um minuto de silêncio» Acidente completa um mês» Veja lista de vítimas» vc repórter: mande fotos e relatos
Durante a manifestação, alguns parentes foram impedidos por seguranças de subirem no palco de cerca de 80 m² montado em frente à Catedral da Sé. O espaço era ocupado por famosos como a apresentadora Hebe Camargo, o cantor Agnaldo Rayol, o ator Paulo Vilhena, o ex-nadador Fernando Scherer e as cantoras Wanderléia e Ivete Sangalo.
Arthur Gomes, irmão de uma das vítimas, também criticou o movimento. "Nós somos as pessoas que éramos para estar aqui. A Ivete Sangalo perdeu alguém? A Hebe Camargo perdeu alguém? Não perderam. Tem um monte de segurança aqui não sei para que", desabafou.
Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e participante do "Cansei", afirmou que "infelizmente não dava para subir todo mundo e acabamos tendo alguns problemas".

IVETE SANGALO E REGINA DUARTE JUNTAS NO "CANSEI"

Diz o ditado: baiano burro nasce morto. Ivete e seu irmão Jesus assumem posição de granfinos junto com Regina Duarte e outras peruas paulista.
Domingo pífio, por João de Barros,

Domingo de manhã. Faz frio em São Paulo. Minha mulher, arquiteta, pergunta-me se não quero acompanhá-la a uma obra (uma reforma de um escritório de advogados) que está sob sua responsabilidade, na avenida 23 de Maio, em São Paulo. Vou, pilotando o carro por toda a avenida Brasil até chegar ao parque do Ibirapuera, bem em frente à Assembléia Legislativa. De repente, uma movimentação de pessoas nos chama atenção. A maioria está impecavelmente vestida, de roupas jeans, sobretudos e blusas negras, alguns ostentam relógios e algumas jóias. Contorno, devagar, o movimento do "empurra". Vejo carros estacionando por todo canto. As pessoas – todas bem arrumadinhas –, fico sabendo, se dirigem a uma passeata. Passeata? Mas só tem grã-fino, (diz até que havia um empresário escoltado por dois seguranças) e muita gente que se comunica a todo instante via celular. Estranho.
Dia seguinte, leio que aquela havia sido a primeira manifestação de "familiares e amigos" das vítimas do vôo da TAM, que se acidentara a semana anterior, matando 199 pessoas. Mais do que isso: fico sabendo que, em nome da memória dos mortos, boa parte da curriola que andou até o prédio que marcou o fim da tragédia estava vinculada a entidades como Endireita Brasil, organização que, segundo o próprio site, traz entre seus ideais e princípios "a primazia das liberdades individuais sobre o interesse coletivo, a livre iniciativa, o livre mercado", e por aí vai. Até um avião da TAM, que se preparava para pousar em Congonhas, foi saudado com vaias dos manifestantes.
Na semana seguinte, mais surpreso ainda, vi que inúmeros pândegos se aglutinavam num movimento cívico denominado Cansei, que, capitaneado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, revelava nomes como o de João Dória Júnior – entrevistador da Rede TV! que patrocinou um concurso do cachorro mais bonito de Campos de Jordão e foi um valoroso arrecadador de fundos de Alckmin para a presidência da República –, Alencar Burti, da Associação Comercial (que faz do impostômetro um ícone anti-Lula), do presidente da Philips do Brasil, Paulo Zottollo, e do obscuro Jesus Sangalo, um robusto senhor que traz em seu bojo o título de irmão de Ivete Sangalo. A palavra de ordem do movimento fazia do combate à corrupção a mola mestra de uma campanha que já se assanhava num "Fora Lula".
Dia 17, o Cansei programou um minuto de silêncio na Catedral da Sé e – segundo o presidente da OAB-SP, Luiz D"Urso – pôr fim à campanha. "Não faremos passeatas nem discursos contra o governo", diz. Se acabar assim, melhor. Duro mesmo vai ser testemunhar no altar da catedral as figuras carimbadas da elite do "Fora Lula": Ivete Sangalo, Juca de Oliveira, Leonardo, Hebe Camargo, Ana Maria Braga e a ex-namoradinha do Brasil, Regina Duarte, a mesma que declarou na eleição de 2002 estar "morrendo de medo do governo de Lula". Lá só faltarão Agnaldo Rayol, Ronnie Von, Moacir Franco e Adriane Galisteu. Aposto um doce como pelo menos um desses estará lá. Ou não me chamo João.
João de Barros é jornalista

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O QUE PENSAM PETISTAS SOBRE A ELEIÇÃO NO SINERGIA

----- Original Message -----From: "Guanais" <humguanais@ibest.com.br>Sent: Saturday, June 23, 2007 10:00 PMSubject: Eleiçoes no Sinergia

Segundo esta nota que Orlando nos passou com cópia do boletim do SINERGIA foi proclamada a vitoria da chapa 01. E a questão do quorum como ficou? Será que teremos de engolir mais 3 anos Paulo de Tarso e Josemar à frente deste Sindicato? Cada categoria tem a representação que merece. O peleguismo está de volta com todas as suas vertentes lembrando o Getulismo. Puta que pariu!!!!!

Humberto Guanais
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Data: Sun, 24 Jun 2007 18:18:29 -0300
Assunto: 213pt: Sindicatos

Sou um velho.
Minha geração se tornou adulta falando mal de Ary Campista, famoso pelego sindical na era populista... mas morreu pobre. Minha geração assistiu o sindicalismo ressurgir nos anos 80 (Lula à frente), falando mal de Joaquizão. Pelego velho que também morreu pobre. Não sou franciscano para defender voto de pobreza.
Tenho até admiração por caras como Vicentinho que aproveitaram e foram estudar. Viraram Dr. Advogado. Não tenho elementos (ou saco) para analisar a crise do SINERGIA. Mas tenho idade suficiente para saver que esse vale-tudo não é só pelos belos olhos da classe operária.
Paulo Pontes
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Sindicalismo ou Gangsterismo:
Caros companheiros: Devido as criticas feitas a alguns “militantes” e participantes de uma daschapas que está disputando a eleição no SINERGIA, um dos criticados levou as criticas políticas para o lado pessoal e começou inicialmente a mandar e-mails agressivos e com xingamentos. Depois não satisfeito, repassou meu telefone para uma série de trabalhadores de base, quando comecei a receber ameaças. Por último não satisfeito, começou, pessoalmente a me ameaçar por telefone, sendo que esta noite (do dia 27 para o dia 28) recebi, primeiramente äs 20:55 minutos, telefonema com tons ameaçadores “não semetacom o SINERGIA senão terá conseqüências”. Mais tarde por volta das 12:30/01:00 da manhã, telefone com restrição na chamada, ameaçava a integridade da minha família. Sem querer neste ultimo caso, acusar pessoalmente ninguém, tomei minhas providências e agora pela manhã, fui a Policia Federal e Policia Civil, prestei queixa e espero ainda hoje ter uma reunião com representante da OAB, já que saiu do plano pessoal, para ameaças à minha família. O meu telefone está sendo monitorado e autorizei um rastreamentodas ligações através do chip do telefone, e também repassei aorepresentanteda Policia Federal, todos os e-mails com ameaças recebidos. A partir deste momento estou denunciando formalmente estas ameaças porelementos sem caráter e se escondendo atrás do anonimato. Gostaria que esta correspondência fosse passada para Direção Estadual dopartido e também a Municipal. Gostaria de avisar aos companheiros, que todas as ligações que por acaso receber estarei repassando neste espaço, porém as aços no âmbito legal já foram tomadas.
Humberto Guanais
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Edição: 18 de junho de 2007
Membro da Comissão Eleitoral afirma falta de quorum em pronunciamento aos eletricitários e demais instituições do Movimento Social:
Companheiros eletricitários:
Por escolha da assembléia geral da categoria, foi chamado a participar da Comissão Eleitoral para as eleições sindicais que ora se realizam. Honrado com o convite, procurei cumprir o mandato com isenção e em rigorosa observância dos princípios da democracia sindical. E, de fato, os trabalhos se conduziram de maneira equilibrada e dentro de levado espírito de companheirismo entre os membros da Comissão Eleitoral. O processo eleitoral realizou-se de forma ordeira e tranqüila, a menos de pequenos problemas perfeitamente normais. A Comissão estava em vias de concluir o processo de apurações e emissão do seu relatório final quando se constatou que não fora obtido o quorum estatutário para validar o processo. Foi o suficiente para mandar às favas o clima de cordialidade e de entendimento no interior da Comissão. Os companheiros aliados com a chapa 1 recusaram-se terminantemente à lavratura da ata da reunião, onde se pretendia registrar que o colégio eleitoral continha 6.638 eleitores, conforme levantado pela Comissão nas listas de votação. A ata ficou inviabilizada e marcou-se uma nova reunião para a próxima segunda-feira. Qual não foi a minha surpresa ao receber hoje (15/06/07) uma nota de "Esclarecimento à Categoria Eletricitária" (que segue em anexo), assinada pelos membros da Comissão aliados da Chapa 1, divulgando resultados da apuração. Espertamente, a nota nada acrescenta sobre o quorum da votação. E diz que eu estava ausente "por não ter sido encontrado". Ora, eu havia me reunido ontem com os companheiros até às 20 h, e todos eles (alem do secretário do sindicato) sabem que o meu escritório, onde estive toda a manhã de hoje e poderia ser encontrado, situa-se a duas quadras da sede do Sinergia. Alem do mais, Stoessel Dourado e Manoelzinho, também membros da Comissão Eleitoral, não participaram da tal reunião. Portanto, a nota que se originou da tal "reunião" não passou de um golpe de uma ala da comissão eleitoral, que infelizmente desenterra as mais condenáveis praticas do peleguismo tradicional, desonrando a história de lutas da categoria eletricitária. Não serão atos desse tipo que irão legitimar a permanência da atual direção sindical no poder, mas sim a vontade soberana da categoria. Existe um estatuto legalmente aprovado, que rege o processo eleitoral e a categoria deverá exigir o seu cumprimento, doa em quem doer. Esta é a diretriz que eu continuarei a adotar como membro da Comissão Eleitoral.
AUTORIZO E SOLICITO A CADA COMPANHEIRO QUE RECEBER ESTA NOTA QUE A RETRANSMITA AOS ELETRICITÁRIOS E AO MOVIMENTO SINDICAL BAIANO .
Orlando Miranda

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

SINERGIA, MUDANÇA OU CONTINUÍSMO?

SINERGIA, mudança ou continuísmo com ascensão ao neo-peleguismo?

RETROSPECTIVA:


Junto com a vitória de FHC, vieram às privatizações promovidas pelos governos Federal e Estadual pegando o movimento sindical de calça curta. As duas principais empresas do ramo de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica da Bahia passaram por profundas transformações com a justificativa de estarem sendo preparadas para a privatização. Logo chegaram os PDV´s na Coelba e Chesf, com o Governo do Estado saindo na frente privatizando a Coelba para os gringos que aqui aportaram em terra firme com pouco dinheiro no bolso, mas com uma vontade enorme de comprar todas empresas que pudessem a preço de banana! Na Chesf, o Governo FHC tentou de todas as maneiras e os chesfianos de forma brava impediram a privatização, mas o capitalismo selvagem não aceitou a derrota e tentaram cindir a Chesf em 03 empresas para logo adiante vender de forma fatiada.

Vieram as eleições de 2002 e a vitória do primeiro trabalhador operário como Presidente do Brasil, começando a partir daí a crise de identidade dos sindicatos: ser governo e ao mesmo tempo defender os interesses dos trabalhadores. No Sinergia esta crise de identidade não foi tão acentuada porque o processo do neo-peleguismo já estava instalado, pois, os gringos que compraram a Coelba já afagavam sindicalistas com tratamento VIP, a ponto deles quererem aprender espanhol para poderem "ABLAR" com os donos do Grupo Iberdrola e como se isso não fosse suficiente disseram: “vamos a Espanha conversar com nossos Hermanos sindicalistas para saber como é a relação Sindicato X Iberdrola?" dando-se inicio a relação promíscua entre os Gestores e alguns Sindicalistas. Na Chesf não foi diferente, com a vitória de Lula vieram às mudanças nas empresas estatais e as indicações para os cargos de confiança. Diante da real possibilidade de diretores do Sinergia indicar gerentes, o processo de neo-peleguismo se acentuou com sindicalistas atropelando os anseios legítimos dos trabalhadores, desencadeando o começo do processo de perseguições e dizer amem nas negociações trabalhistas chegando-se ao cumulo de aceitar a flexibilização da CCE 009 como vitória dos trabalhadores, o que contraria o principio da igualdade: pessoas com atividades iguais devem receber salários e tratamentos iguais. Diante de tantas deformações de conduta destes "sindicalistas", não nos restou alternativas, a não ser criar um movimento pela moralização do Sinergia.

Nós, da Chapa "Sinergia de Todos Nós" queremos juntos com os trabalhadores do setor elétrico da Bahia resgatar a seriedade na relação capital trabalho afastando os neo-pelegos do Sindicato e, de forma séria, honesta e transparente conduzir nossa entidade no resgate dos valores que foram jogados no lixo por pessoas que colocaram os seus interesses acima do coletivo, por isso fazemos um convite a você eletricitário e eletricitária: junte-se ao Sinergia de Todos Nós na arrancada pela moralização e transformação do nosso Sindicato.

Na batalha de valores, seriedade, competência e compromisso, não se joga a toalha quando a causa é justa e representa os anseios de todo um coletivo, a tática é não desanimar, perseguir os objetivos com foco na vitória que está por vir através das demandas judiciais que a Chapa 2 Sinergia de Todos Nós impetrou contra a falta de quorum e de inúmeras irregularidades que ocorreram nas eleições com a anuência dos membros da Comissão Eleitoral e com a participação da Chapa 1.

A Vitória da Chapa 2 não será conquistada no tapetão, mas sim, com a participação e luta dos Eletricitários na crença de que estamos juntos no caminho certo da transformação e valorização do nosso Sinergia, Sinergia de Todos Nós.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

SINERGIA COMPARADO AOS HISTÓRICOS SINDICATOS PELEGOS


Prezado companheiro Alex:

Fico chocado em receber de você, em primeira mão, esse comunicado de "posse" .É que, a meu ver, este ato encerra uma etapa do triste fenômeno de consolidação do neo-peleguismo no Sinergia, como já discutido neste espaço e como passarei a explicar.
Detentor de uma história de heróicas lutas em prol do sindicalismo combativo e independente (tive a honra de participar de uma parte das mesmas), o Sinergia, desde a privatização da Coelba, veio passando por um processo de gradativo abandono dos princípios da luta classista. Processo de decadência que não faz justiça à tradição daquele que já foi tido como um dos mais combativos sindicatos da Bahia. Na ausência de uma ação das bases da categoria - estas colocadas na defensiva pelos atos dos novos patrões privados, a direção sindical se manteve burocraticamente no controle do aparelho sindical, através de sucessivas reeleições sem disputas. De tal forma que, alguns dos atuais dirigentes, lá estão há cerca 20 anos - e nesse aspecto repetem o feito de antigos pelegos, como Joaquinzâo e outros.
Mas a luta de classes tem a sua dinâmica. A continuidade dos atos de endurecimento da direção da empresa, sem uma correspondente reação à altura da direção sindical, veio forçando o surgimento de uma insipiente reação das bases, manifestadas em assembléias e mobilizações específicas. Nas eleições para a gestão anterior, foi tentada a organização de uma chapa de oposição, sem êxitos. Mas o movimento de base cresceu, criando os pressupostos para que, nas eleições de agora, uma chapa com condições de concorrer fosse organizada e inscrita.
Senti-me honrado ao ser eleito pela assembléia da categoria para compor a Comissão Eleitoral
encarregada de dirigir o processo. Sem informações mais precisas sobre o real grau de abandono dos princípios do sindicalismo cutista por parte da direção sindical, vislumbrei a oportunidade de contribuir com o rearmanento do Sinergia, num momento por excelência de discussão de proposta e alternativas.
A ilusão durou pouco. Quando se constatou que as eleições não obtivera o quorum estatutário no primeiro turno, a direção sindical não teve escrúpulos em mostrar as suas unhas, utilizando-se de todo o tipo de manobras a artimanhas para evitar uma segunda eleição. Por contar com a simpatia da maioria da Comissão Eleitoral, conseguiu o seu intento. Mas estão enganados se pensam que saíram legitimados. Ao contrário, foram desmascarados, fato que todo o esforço que estão fazendo agora com essa "festa de posse" não conseguirá esconder.
Os neo-pelegos encerram esse triste ato com o comunicado abaixo, onde mais uma vez utilizam-se de manobras. Diz que "A direção foi empossada pelo coordenador da comissão eleitoral, Euthímio Pimenta". Ora, em nenhum momento a Comissão Eleitoral teve a figura do "coordenador". O Sr. Pimenta, foi um membro da Comissão entre 7 (sete), podendo isso ser constatado pelas atas e documentos assinados pela mesma. Ao deixar de convocar a totalidade da Comissão mas tão somente um dos seus membros, para forjar uma "posse legítima", a direção do Sinergia dá mais uma demonstração do seu autoritarismo e descaso para com a categoria que pretende representar. Resta esperar que a categoria, no momento certo, dê o merecido troco.
Saudações,
Orlando Mirando (Engenheiro aposentado da Coelba, Membro da Comissão Eleitoral, Presidente da 13ª Zonal - PT, Rio Vermelho)

----- Original Message -----
From: Ivan Alex Teixeira Lima
From: Paulo de Tarso Subject: POSSE SINERGIA
Date: Wed, 1 Aug 2007 09:53:28 -0300 (ART)
Companheiros,
Ontem,31/07,às 19 hs,na Sede do Sinergia, aconteceu a solenidade de posse formal da nova direção do Sindicato, "EXPERIÊNCIA LUTA E CONSCIÊNCIA DE CLASSE", que exercerá o mandato para o triênio 2007/2010.
A direção foi empossada pelo coordenador da comissão eleitoral,Euthímio Pimenta, e contou a presença do Presidente da CUT-BA, Martiniano Costa, além de diversos sindicalistas.
A posse festiva acontecerá no dia 08/08 às 19:30hs do Sinergia será uma satisfação contar com a presença de todos nossos associados.Já está confirmada a presença do Presidente da CUT NACIONAL,Arthur Henrique,e os participantes do 7º Encontro Nacional dos Urbanitários, que será realizado em Salvador-Ba.
SINDICATO É COISA SÉRIA !