A ENTREVISTA CONCEDIDA PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA AO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO
"Quem se acha insubstituível vira um ditadorzinho"
27 de Agosto de 2007 -
Abaixo a íntegra da entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Estado de São Paulo de Domingo (26).
Presidente, o sr. já pediu aos partidos aliados que se entendam sobre as eleições municipais do ano que vem e que o ideal seria ter um candidato único da base para 2010. Mas o PT, no 3.? Congresso, que começa esta semana, em São Paulo, vai destacar a necessidade de ter um candidato próprio à sua sucessão. A base pode implodir?
Seria prudente que nós aprendêssemos algumas lições que a vida ensina. Muitas vezes, a disputa se dá por interesse pessoal de um indivíduo, que quer marcar posição sendo candidato a alguma coisa. Se ele tem sucesso, ótimo. Se ele não tem, todos ficam com o prejuízo de uma derrota eleitoral. Tenho ponderado aos presidentes dos partidos da base que seria importante que eles conversassem e começassem a mapear a possibilidade de alianças políticas nas prefeituras das capitais e das cidades mais importantes do País. Se as direções não conversam antecipadamente, permitem que o jogo eleitoral e o interesse iminentemente municipal determinem a política local e o conflito nacional. Onde é possível construir aliança política para disputar, por exemplo, 2008? Onde é possível ter candidaturas próprias? Esse gesto pode facilitar a candidatura em 2010.
Como é que isso facilita?
Para quem tem uma base heterogênea, como nós temos - e qualquer presidente constrói uma base heterogênea por causa da realidade política brasileira -, vocês perguntam como é possível construir uma unidade para escolher um candidato para enfrentar os adversários em 2010. Obviamente que eu não penso nisso fora de hora, só vou pensar nisso no momento certo. Não é uma eleição pequena. ? uma eleição que envolve uma candidatura a presidente e vice, candidaturas de 27 governadores, de 54 senadores. Portanto, tem cargo para todo mundo disputar, tem possibilidade para todo mundo.
Esse candidato não será necessariamente do PT?
Se a gente tiver juízo, a gente constrói essa candidatura única. Ser do PT ou não ser do PT é um problema que o partido vai ter de decidir. Eu acho improvável que um partido do tamanho do PT decida não ter candidato. Assim como é bastante provável que todos os outros partidos da base apresentem candidatos. Mas é importante que o PT esteja disposto a conversar, e que a gente construa a possibilidade de ter uma candidatura única da base.
O que o PT decidir no 3.? Congresso não é determinante?
Não. PT, PMDB, PDT e PSB podem decidir ter candidaturas próprias. Na hora em que tivermos todos esses nomes, vamos começar a discutir, fazer projeções, pesquisas para saber quem tem melhores condições de ser candidato. Porque se tiver duas candidaturas, a posição do presidente já fica delicada para entrar em campanha. Se tiver quatro, fica muito mais delicada. E tudo vai depender de como o governo chegará ao final do mandato. Já tivemos na história do Brasil presidentes que chegaram ao final do mandato e nenhum candidato queria que eles subissem no palanque. Mas eu quero chegar forte ao fim do mandato para ter influência no processo sucessório. Não ficarei neutro. Tenho posição política, tenho partido. E quero subir em palanque.
Qual é o perfil ideal desse candidato único?
? aquele que dê continuidade à política que estamos plantando agora. Quando a gente assume um compromisso da importância de colocar R$ 504 bilhões para produzir melhorias na vida dos brasileiros até 2010, isso vai formar uma carteira de obras no Brasil que, se você não deixar isso parar mais, você tem a chance de, em pouco tempo, dar ao Brasil todo o melhoramento que o Brasil precisa, desde saneamento básico até portos, aeroportos, gasodutos e rodovias. Se você trunca a política social, ela perde a eficácia. Se continuar todo ano aumentando um pouquinho, você consolida um país com uma classe média forte e uma classe média baixa, mas com poder de sobrevivência com dignidade. Essa combinação é que vai transformar o Brasil em um país definitivamente justo.
O que é exatamente essa combinação de classe média forte com classe baixa digna?
Você tem uma classe média que nem precisa do governo. Que tem como sobreviver, como estudar, que tem um poder de compra razoável. Se você não atrapalhar a vida dessa classe média, e ajudar os de baixo a subir um degrau, você está construindo um padrão de país justo. Nunca estivemos tão próximos de atingir esse estágio. Se a economia continuar crescendo 5%, se a gente continuar com uma forte política social, esse mundo está próximo de ser construído no Brasil.
O sr. gostaria de entregar seu governo a uma mulher? Uma Dilma Rousseff (ministra-chefe da Casa Civil), uma Marta Suplicy (ministra do Turismo)?
As mulheres estão em ascensão. Eu acho que, se a Cristina Kirchner ganhar as eleições na Argentina, a Hillary Clinton ganhar as eleições nos EUA, nós vamos ter uma onda do sexo forte disputando as eleições.
E os nomes?
Eu evito citar nomes porque, em política eleitoral, quando você cita um nome com antecedência você está, na verdade, queimando esse nome. Primeiro você queima internamente com os possíveis pré-candidatos. Depois, queima na base aliada com candidatos de outros partidos. E, finalmente, os adversários e a imprensa colocam uma flecha direcionada para ele 24 horas por dia. Então, penso que o nome deve ser mantido sob segredo de Estado.
O sr. tem preferência por uma mulher?
Acho que é possível ter uma mulher na Presidência da República.
Mas quem poderia ser essa mulher?
? muito cedo. E eu conheço a alma humana. Se a agente ficar dizendo o nome, a mosca azul vem, pode pousar na testa da pessoa e a pessoa começa a se descredenciar.
E o ministro da Defesa, Nelson Jobim? Já está causando ciumeira?
Não tem ciumeira. O Jobim é uma figura importante da República, foi deputado constituinte, é um jurista importante, foi presidente da Suprema Corte, é um quadro político engajado. O Jobim é um quadro que sempre tem de ser levado em consideração. Mas, olhou pra frente, tem de ver a cara do Ciro Gomes, tem de ver a cara do Jobim e de outras figuras de outros partidos políticos, que ainda vão surgir.
O ministro Mares Guia (Relações Institucionais) afirmou recentemente que um homem como o sr. só aparece de 50 em 50 anos. Isso aumenta a responsabilidade para passar a faixa?
Bondade dele. Acho que minha derrota, em 1989, foi boa para mim. Foram 12 anos de espera. Com a derrota firmei a convicção de que as pessoas que governavam o Brasil não conheciam o País. Quando você vai para uma capital, desce no aeroporto, vai para o palanque, sai do palanque, volta para o aeroporto e segue para outra capital, você não conhece o Brasil. Aliás, você nem conhece as pessoas que estavam no palanque. Foi daí que surgiu a idéia das Caravanas da Cidadania, para conhecer a alma, as entranhas do Brasil. Isso criou em mim convicções muito fortes sobre o que entendia que precisava ser feito no País.
Se o sr. integrasse a comissão de desaparecidos políticos do Ministério da Justiça, o sr. votaria a favor da pensão para os familiares do ex-capitão Carlos Lamarca?
Se o Carlos Lamarca foi, pelos critérios estabelecidos pela comissão, injustiçado, ele tem direito a receber a indenização. Da mesma forma que, se houver alguém que foi do governo e foi injustiçado, e entrar com pedido, ele também deve ser indenizado. Tem uma lei que determina os critérios para as pessoas serem indenizadas. Eu não vejo nenhum problema, seja Lamarca, seja o Lula. ? preciso levar em conta se as pessoas estão dentro dos critérios estabelecidos pela comissão.
A esquerda que fez oposição armada ao regime militar lutava, como se diz hoje, pela democracia?
Eles estavam lutando contra um regime autoritário. Isso era visível. Se os métodos eram corretos ou não, as circunstâncias políticas diziam que os métodos eram quase os únicos que havia. Eram todos muito jovens, todos muito entusiasmados, próprio de jovem com 20 anos, 25 anos. Escolheram um caminho. Não deu certo. Eu lembro que, naquela época, eu estava dentro da fábrica. Vivíamos um momento de extraordinário crescimento da oferta de emprego. Havia essa divergência entre a esquerda organizada: jovens bem-intencionados que queriam derrubar o regime militar e, do outro lado, os trabalhadores vivendo um boom da economia, o milagre brasileiro da década de 70, que no ano de 1973 atingiu um crescimento de 14,3%. A luta armada era algo distante da classe trabalhadora.
Nesses 12 anos, até ganhar a eleição em 2002, qual foi a grande mudança?
Não acredito na palavra insubstituível. Não existe ninguém que não seja substituível, ou que seja imprescindível. Quando um dirigente político começa a pensar que é imprescindível, que ele é insubstituível, começa a nascer um ditadorzinho. Acho que eu só cheguei à Presidência da República por conta da democracia deste país. Foi a democracia que permitiu que um operário metalúrgico, utilizando todos os instrumentos democráticos e vivendo as adversidades, chegasse à Presidência. Então, eu tenho de valorizar isso. Um dia eu acreditei que era possível chegar à Presidência pelo voto. E não eram poucos os estudiosos que me diziam que seria impossível, pelo voto, chegar lá.
Mas o sr. precisou fazer uma mudança brutal no seu discurso. Entre o candidato derrotado de 1989 e o de 2002 há uma grande diferença, não?
Você está lembrado de quantas vezes eu disse que era uma metamorfose ambulante. Mas, se o político não vai se adaptando ao mundo em que ele vive, ele vira um principista (ortodoxo). Na hora do discurso, à frente de um partido, você pode ser principista (ortodoxo), mas na hora de governar você precisa saber que tem um jogo que tem de ser jogado, muitas vezes em momentos graves de adversidade.
Adversidades de que tipo?
Um dia vocês vão ter idéia do que foi o ano de 2003 na vida deste país e na minha vida. Quando nós resolvemos aumentar o superávit (de 3,75% do PIB) para 4,25% do PIB, quando decidimos fazer um ajuste fiscal, eu só tinha uma perspectiva: ou nós fazíamos (no primeiro ano do primeiro mandato), que eu tinha capital político, na perspectiva de que estava plantando uma árvore frondosa, e recuperaria esse capital político, ou eu não faria porque ainda estava com o discurso da campanha na minha cabeça. E quando chegasse a 2004 eu não conseguiria fazer mais nada. Aí eu seria mais um que passou pela história do Brasil sem fazer o que precisava ser feito. Hoje, quando eu vejo determinadas manchetes, determinados comentaristas, articulistas falando da crise americana como uma coisa que pode (atingir o Brasil), eu digo que nunca estive tão tranqüilo na minha vida.
Por que tão tranqüilo?
Porque estou convencido de que temos solidez para segurar este país. As bases estão construídas. Tenho um mandato de quatro anos, e não quero ser julgado nem por seis meses, nem por um ano. Eu quero ser julgado pelos quatro. Foi duro, foi um sofrimento, vocês não sabem o que passou na minha cabeça no dia 1? de Maio de 2004, quando eu não pude dar reajuste (no salário mínimo). Hoje vivemos um momento bom, mas, se a gente perder a seriedade e achar que já pode fazer a farra do boi, nós poderemos quebrar a cara. Construímos o básico, mas ainda tem muita coisa para ser feita.
Tem gente ainda pensando em farra do boi?
Sempre tem. O que não falta é gente querendo que a gente gaste. E nós vamos gastar apenas aquilo que é essencial.
Há quem avalie que, ao final dos dois mandatos, o sr. deixará o PT com cara de PMDB. O partido não é mais o mesmo.
Não é possível que as pessoas queiram que o partido de 2007 seja o mesmo de 1989.
Mas tem gente no PT que quer.
Essa é a riqueza da democracia. O que é a riqueza de uma redação de um jornal? Pessoas juntas, mas que têm divergências sobre um ponto de vista - e dali o chefe consegue tirar uma linha editorial. Essa diversidade no PT é que permite que a gente nem vá para a ultra-esquerda nem para a direita. Que você fique em uma posição intermediária daquilo que é a política possível de ser colocada em prática, daquilo que é possível estar de acordo com a realidade.
O sr. disse que a base muito heterogênea é uma realidade do cenário político brasileiro. Disse que, ao chegar ao governo, teve de se adaptar. Será que a população não gostaria que o sr. tivesse se adaptado um pouco menos?
Primeiro, a grande mudança política aconteceu com a Carta ao Povo Brasileiro, na campanha de 2002. Ela balizou o tipo de compromisso que eu tinha assumido com o Brasil. Foi aquela carta que me deu a vitória em 2002. Eu sempre tinha 35% dos votos, e me faltavam 15% para ganhar as eleições. Aquela carta, a composição com José Alencar de vice, eram os ingredientes de que nós precisávamos para fazer com que a gente pudesse ter os outros 15%. Isso aconteceu, nós fomos a 61%. Portanto, não houve frustração de discurso porque o discurso foi o que me deu a vitória. Possivelmente, ainda temos de fazer mais para os setores médios da sociedade. Tem muita gente que tenta criar uma disputa entre pobres e classe média, que eu acho que não existe.
Como é que isso se reflete, na prática?
Acho que uma das razões pelas quais a Marta Suplicy perdeu as eleições foi a opção de ela fazer aqueles CEUs para privilegiar as camadas mais pobres. Setores médios da sociedade, que moravam em bairros próximo aos CEUs, que não tinham uma escola de qualidade como aquela para colocar seus filhos, (reagiram) com um pouco de preconceito.
Voltemos à base heterogênea: precisa dar esse apoio ao presidente do Senado, Renan Calheiros?
O caso Renan é um caso típico do Congresso. O que eu posso fazer como presidente da República? Nada, a não ser torcer para que o Senado resolva aquele problema. O Senado poderia ter resolvido mandando para a Suprema Corte, mandando para o Ministério Público...
Mas o governo é acusado de proteger o senador Renan.
Algumas pessoas insinuam que o governo está ajudando. O governo não ajuda, até porque não tem como ajudar, mesmo que quisesse.
Mas a solidariedade do sr. não gera mais ônus do que bônus para o governo?
Não, a minha solidariedade será para você, no dia que você for injustiçado, porque, na hora que tiver uma acusação contra você, eu vou te defender até que você seja julgado e condenado.
O sr. acha que ele está sendo injustiçado?
? que eu acho que não houve julgamento ainda. O que há é um processo de acusação e um processo de defesa, todo dia. Vai chegar o momento em que tem de decidir. Mas, enquanto não decidir, eu não posso condenar ninguém.
O País não sofre de excesso de condescendência? No caso do senador Renan, que é presidente do Senado e do Poder Legislativo, só o fato de ele aceitar favores de um lobista de empreiteira para pagar suas contas pessoais já não é quebra de decoro?
Eu posso não gostar de uma coisa que você tenha feito, mas eu não posso, a priori, querer que você seja condenado para satisfazer a minha posição. Eu quero que você seja defendido e possa provar se é inocente ou não.
O sr. reclama que a imprensa vive falando do toma-lá-dá-cá com o Congresso. O que explica, porém, que o governo só libere emendas e cargos quando tem votações importantes no Congresso? Agora, para renovar a CPMF, tem liberação de emendas, Luiz Paulo Conde assume Furnas...
Cada um tem o direito de fazer o juízo de valor que entender. Em fevereiro de 2005, numa reunião da Granja do Torto, nós decidimos que as emendas deveriam ser liberadas no máximo três vezes ao ano, março, julho e agosto, independentemente de votações no Congresso. Eu disse que não queria mais ouvir conversa de emenda e pedi que fizessem um calendário de liberação.
E os cargos?
São cargos naturais de um governo que é de coalizão. ? só ver o que aconteceu na Alemanha. O que acontece, agora, na França. O Sarkozy tem gente do Partido Socialista no governo dele.
Mas Luiz Paulo Conde em Furnas?!
Não tem nenhum problema. O Conde é um homem altamente qualificado para dirigir qualquer coisa neste país. O que é importante é que seja um político de competência para você montar uma equipe extraordinária. Nem todo técnico foi jogador de futebol, como nem todo maestro precisa saber tocar todos os instrumentos da orquestra. Peguem o Estadão de 10 ou 15 anos atrás e vejam o que vocês escreviam: “Governo libera emendas na hora da votação.” ? uma coisa crônica no País.
O que ficou da investigação do mensalão, no seu primeiro mandato?
Ficou o seguinte: quem erra paga. Houve uma denúncia, que foi apurada. Saiu do Congresso e foi para o Ministério Público, que fez a sua parte. O MP pediu indiciamento. Foi para o Supremo, que decide ou não se acata o indiciamento. E aí as pessoas serão processadas em função de novas provas e novas investigações. Tem gente que acha que isso é um trauma. Para mim, não. Para mim, isso é um canal de desobstrução da democracia brasileira.
Quem errou, presidente?
Eu não sei quem errou.
O PT errou?
O PT não errou. Eu acho que pessoas do PT podem ter errado.
O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) errou?
Não me perguntem, eu não sou juiz. Eu acho que quem errou pagará pelo erro que cometeu. Agora, o que eu quero para mim, para os meus amigos e para os meus adversários é que todos tenham direito à defesa.
Até hoje, o sr. não disse quem o traiu.
Nem vou dizer. Porque não é necessário. O PT não merecia passar pelo que passou. E isso faz parte da história contemporânea do País. Não faz parte do passado, não.
Este julgamento no STF pode ser considerado um julgamento do seu primeiro mandato?
O governo já foi julgado (nas urnas). E vitoriosamente.
Mas, se for aberto processo penal contra o ex-ministro José Dirceu, isso vai provocar algum impacto no seu governo, não?
Não. Causa impacto para ele. No governo, nenhum.
O que é ser ético na política?
O político é resultado de um processo eleitoral. Quem está no Congresso não foi indicado aleatoriamente por outro Poder. Em um determinado dia do ano, o povo foi lá, na urna, votou e escolheu A, B ou C. Na eleição seguinte, o povo avalia e faz as mudanças que quer. Ser ético, na política ou fora dela, é agir com correção, ter um comportamento individual público correto.
O sr. teve indícios do mensalão?
Não. Não. Eu quero ver o resultado do julgamento, quero ver o processo. Isso vai terminar um dia. Eu acho determinadas coisas abomináveis. Entretanto eu, como presidente da República, sou obrigado a esperar para ver. Eu fico imaginando alguém imaginar que o Professor Luizinho, que era líder do governo, precisava de receber dinheiro para votar com o governo. Mas, como ele pegou R$ 20 mil, ele entrou no mesmo bolo, como entraram outros. Eu acho isso abominável.
E o José Genoino?
Do que o Genoino era acusado?
Ele era o presidente do PT.
Ai meu Deus do céu! Eu, a priori, não digo que ninguém é inocente ou culpado. Quem for culpado que seja condenado. Agora, quem acusou peça desculpas aos que forem inocentes. Porque a palavra desculpa está fora de moda no Brasil.
A reforma política naufragou?
Continuo achando que a reforma política é uma necessidade neste país. Defendo o financiamento público e crime inafiançável para quem pegar dinheiro privado. Mas isso é uma posição minha. Se for debatê-la, nem sei se vou vencer até dentro do PT. Acho que é preciso acabar com a figura do suplente de senador, sou favorável ao voto distrital misto, à lista (fechada). Mas não é recomendável que o presidente tenha um projeto. A reforma política deve ser discutida pelos partidos políticos.
Mas fazer uma Constituinte exclusiva para reforma política não é um risco?
O que eu sei é que fazer uma reforma política com as mesmas pessoas que estão lá, no Congresso, sendo beneficiadas pelas regras atuais, é muito mais difícil. Cada partido defende seus interesses, pensando nas próximas eleições. ? errado? Não, é um direito do partido pensar assim.
O sr. acha, então, que o ideal seria mesmo a convocação de uma Constituinte específica para a reforma política?
Não me pergunte o que seria ideal. O ideal é que o Congresso e os partidos políticos decidam fazer uma reforma política.
Sempre que há uma crise política, ou o governo está sob críticas, o sr. costuma fazer esse discurso sobre governar para os pobres. O mensalão está no STF, o sr. recebeu as lideranças das trabalhadoras rurais e aproveitou para repisar esse discurso. Por quê? Isso não divide o País?
Sempre fiz esse discurso e vou continuar fazendo. Isso não divide o País, que estava dividido antes. O que nós estamos tentando fazer, neste momento, é unificar o País.
O que é unificar o País?
? que as pessoas estavam acostumadas a ver o Brasil assim: uma parcela, metade da sociedade, que conquista a cidadania; outra metade, que está marginalizada, e não vai ter direito a nada. O que nós fizemos: primeiro, manter o status quo dos que já têm (cidadania); garantir uma política forte para trazer a parcela que está fora para dentro do mercado. ? isso que nós estamos fazendo. Vamos ser francos: durante oito anos, a classe média não teve reajuste na tabela da alíquota do Imposto de Renda, e nós já fizemos dois reajustes. Agora, nós já colocamos 360 mil jovens no ProUni. Quando nós criamos o ProUni, lembro que teve uma manchete que disse: “Governo nivela educação por baixo”, ou seja, eu estava baixando o nível da universidade. Qual foi o resultado? Nos testes do MEC, em 14 áreas, os melhores alunos foram os do ProUni. De 1909, quando Nilo Peçanha criou a primeira escola técnica, até 2003, foram criadas 140 escolas técnicas. Eu vou deixar o País com 314 escolas técnicas. Vou fazer, em oito anos, 164 escolas técnicas, um pouquinho mais do que se fez em 93 anos. Inventamos o Luz para Todos. Essas coisas é que começam a fazer a diferença na vida do povo brasileiro. Acho que muitas dessas coisas não são retratadas (na imprensa) com a veracidade necessária. Mas a liberdade de imprensa foi o que garantiu que eu chegasse à Presidência da República. A minha tranqüilidade é que hoje a gente tem uma sociedade mais experimentada. Se o jornal mentir, quem vai dizer se ele mentiu ou não é o leitor, que vai deixar de comprar. Se a TV mentiu, quem vai desligar o aparelho é o telespectador, não sou eu.
Quem são as pessoas que não querem que o governo invista nos pobres, adote esses programas sociais?
Se você ler alguns colunistas, o que eles escreveram sobre a recente crise (da especulação financeira com créditos podres), você vai perceber o seguinte: no fundo, as pessoas estavam torcendo para que a crise americana afetasse o Brasil. Tem determinado tipo de gente que trabalha contra porque ele percebe que a única chance dele é o governo dar errado.
Mas quem são essas pessoas?
Não me perguntem quem são porque vocês sabem quem são. Isso está estampado em discurso, em manchetes. Quando eu criei a política de desoneração do material de construção civil, qual foi uma das manchetes hilariantes que eu vi: “Lula contribui para a favelização do Brasil.” Quando eu crio o Bolsa-Família, qual é a manchete? “Lula faz assistencialismo.”
A crítica que se faz é que o governo está fornecendo uma série de bolsas para famílias, para policiais, para jovens, como se fossem mesadas.
O caminho de saída é o crescimento do País.
A Bolsa-Família, por exemplo, é uma coisa temporária?
? lógico que é temporária. ? temporária enquanto tiver pobre abaixo da linha da pobreza. Mas qual é o caminho de saída? O que vocês acham que significa o crédito consignado? Por que durante tantos anos nenhum economista neste país utilizou as palavras “crédito consignado”, que nós adotamos e permitiu colocar milhões de brasileiros, que nunca haviam entrado em um banco, com acesso a crédito mais barato. Por que nós saímos de quase trezentos e poucos bilhões de dinheiro de crédito para quase R$ 800 bilhões de crédito? Então, o Bolsa-Família é a primeira alavanca, é aquela máquina de oxigenação que a gente dá para a criança quando está com asma. ? o primeiro suspiro dos mais miseráveis. Quando a economia cresce, essa gente vai saindo do Bolsa-Família. Quando a gente sai de R$ 2 bilhões investidos no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para R$ 12 bilhões, alguma coisa acontece. Alguma coisa vai acontecer neste país.
A tendência do Bolsa-Família, então, é chegar ao final do governo com menos gente?
A tendência do Bolsa-Família é chegar ao final do governo com menos gente, na medida em que vai diminuindo a pobreza. Isso é o ideal.
Seria o indicador de sucesso do País?
Lógico. E já aconteceu, porque os estatísticas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/IBGE) mostram que 8 milhões de pessoas já deixaram a pobreza, mostram que o crescimento do consumo no Nordeste é maior do que o crescimento chinês. Quando nós entramos no Nordeste comprando leite é porque o mercado oferece para o pequeno produtor R$ 0,30 o litro do leite de vaca e R$ 0,70 pelo litro de leite de cabra. Nós pagamos R$ 1 pelo litro de leite de cabra e R$ 0,70 pelo litro de leite de vaca. Antes, as pessoas não conseguiam vender o leite na feira, ele azedava e era jogado fora. Agora, essas pessoas voltam para casa e, em troca do leite, compram uma galinha ou um quilo de carne. As pessoas vão se retirando do Bolsa-Família, na medida em que o mercado de trabalho vá oferecendo oportunidades.
O último perfil do Bolsa-Família diz que é um sucesso a distribuição do dinheiro, mas as condições de saneamento e coleta de lixo nas áreas pobres continuam precárias. Por que não há um programa, no governo do PT, promovendo uma verdadeira redenção sanitária?
Essa pergunta só pode ser feita se deixarmos de ver o que acontecia antes de eu chegar à Presidência. Passamos anos sem liberar um centavo para saneamento básico. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem R$ 40 bilhões para saneamento e urbanização de favelas, atacando, em primeiro lugar, as regiões metropolitanas do País, porque é lá que está a concentração de degradação da estrutura da sociedade brasileira. O PAC da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) tem R$ 4 bilhões para levar água potável e esgotamento sanitário para 90% das comunidades indígenas. Vamos ter 50% dos quilombolas legalizados neste país. Temos R$ 3 bilhões para atacar os problemas em cidades com menos de 50 mil habitantes, que têm maior índice de mortalidade infantil, doença de Chagas e malária. Grande parte dessas obras começa a acontecer a partir de fevereiro - antes, fizemos os acordos do governo federal com os prefeitos e os governadores.
O sr. vê os erros como uma coisa natural, como parte do processo de aprendizado da sociedade, até mesmo no ambiente político. O sr. cobrou rapidez e urgência na resolução da crise aérea e nada aconteceu.
Outro dia saiu na manchete de um jornal que um deputado disse que havia dito que eu não sabia da crise aérea. O que eu disse foi o seguinte: antes do acidente do Legacy com o Gol ninguém falava de crise aérea neste país. Eu fui candidato, fiz 500 entrevistas com você, Vera Rosa, e você nunca me perguntou de aeroporto, porque não era um problema. Quando eu ganhei as eleições, a questão era melhorar a qualidade de vida dos passageiros nos aeroportos. Por isso é que nós investimos em todos os aeroportos para fazer “finger” (pontes de embarque), estacionamentos, que era a demanda da época do crescimento do turismo. Quando aconteceu o acidente, a primeira acusação foi que tinha um buraco negro no sistema de proteção ao vôo, na Amazônia. A Aeronáutica diz que não tem nenhum buraco negro, que tinha sido um erro dos controladores. Algumas coisas me cheiravam a uma má-fé desgramada, com aeroporto apagando a luz, com manutenção que não estava sendo feita. Então, nós fomos descobrindo que tinha problema nos aeroportos. E descobrimos mais: que as empresas estavam muito açodadas na sua gana para ganhar dinheiro.
Mas ninguém fiscalizava as empresas aéreas?
A sociedade brasileira queria a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Anac era uma reivindicação histórica. Não tinha um sindicalista que não dissesse que era preciso ter a Anac. Foi construída a Anac, mas, obviamente, ela leva um tempo para se construir e para tomar pé. E a agência tomou pé no momento da crise aérea. Até que nós chegamos ao acidente em Congonhas (com o avião da TAM, no dia 17 de julho, com 199 mortos). A ordem que dei ao ministro Jobim foi esta: você tem carta branca para fazer o que tiver de ser feito. Nós precisamos começar a resolver os problemas em definitivo. E temos de começar pelo comportamento das empresas. Muitas vezes se escrevia que a Infraero não dava informações sobre os vôos atrasados, mas o que não estava sendo comunicado é que aquele avião tinha trazido o passageiro de Pernambuco para Brasília e, quando chegou aqui, não tinha tripulação. Como as companhias estavam usando os seus aviões 14 horas por dia, qualquer falha deflagrava um efeito dominó. E as empresas, algumas, colocavam comandantes para falar que era culpa dos controladores, quando o controlador não tinha nada a ver com aquilo. Nós cansamos. Cansamos. Pagamos um preço, e agora é preciso consertar.
Tem de mudar a lei das agências reguladoras?
O Nelson Jobim vai apresentar uma proposta. Não tem mais contemporização.
Mas qual deve ser o padrão de agência reguladora? Demite os diretores, não demite, tem mandato...
O correto é o seguinte: a agência regula, mas quem define a política pública é o governo.
Mas vai ter um mecanismo que permita o controle sobre a direção?
O governo determina a política, e a agência implanta. Se a agência cumprir a sua função, de defender quem utiliza o serviço público, de garantir o preço mais justo, de fazer funcionar, cumpriu a sua tarefa.
No início da entrevista, o sr. disse que é pernicioso ter alguém que se considera insubstituível ou imprescindível, que isso gera ditadorzinhos. O presidente venezuelano Hugo Chávez está querendo reeleições por tempo indeterminado. Ele é um ditador?
Eu não julgo o comportamento de outros países. O Chávez está propondo uma mudança na Constituição. Se tiver maioria para fazer... Eu não peço (reeleições indefinidas) porque eu sou adepto da alternância de poder. Eu acho que oito anos é o suficiente para que eu faça aquilo que acredito que é possível fazer. Outro virá e fará mais.
A falta de alternância de poder atenta contra a democracia?
Eu sei o que você quer perguntar, e você sabe o que eu quero responder. Eu sei, mas a minha resposta é objetiva: cada país determina a lógica da sua vida política interna. Eu reafirmo que a alternância de poder é uma exigência extraordinária para o exercício da democracia.
Então o sr. repudia esses comentários que dizem que o sr. pensa na possibilidade de um terceiro mandato com essa convocação
de uma Assembléia Constituinte para fazer a reforma política?
Repudio não. Quem fala isso é mentiroso, tem má-fé, não só porque eu não acredito nisso, não quero isso, como sou contra isso.
Mesmo com uma feitiçaria política do povo pedindo na rua um terceiro mandato?
Não tem essa de o povo pedir. Meu mandato termina no dia 31 de dezembro de 2010. Agradeço ao povo brasileiro o carinho que teve comigo e passo a faixa para outro presidente da República em 1? de janeiro de 2011. E vou fazer meu coelhinho assado, que faz uns cinco anos que eu não faço.
Os dois maiores projetos do presidente Chávez para o continente são o gasoduto do Sul e o Banco do Sul, mas parece que nenhum dos dois interessa muito ao Brasil.
O gasoduto interessa, sim. Tem mais de 50 técnicos da Petrobrás discutindo com a PDVSA (a estatal venezuelana do petróleo) para ver a viabilidade econômica e ambiental do gasoduto. Se ficar comprovada toda a reserva de gás na faixa do Orinoco, nós temos um potencial extraordinário para desenvolver a América do Sul. O Banco do Sul também nos interessa, mas o que nós precisamos, primeiro, é definir qual é a característica dele. Nós já temos o CAF (Corporação Andina de Fomento), que funciona bem. Então, o pessoal está discutindo. A priori, não somos contra.
O sr. avalia que perdemos espaço para a Argentina e Venezuela na diplomacia latino-americana?
Nós construímos uma política na América do Sul que eu acho que é a mais consolidada em toda a história de nossas relações. A Argentina tem um papel importante na sua relação com o Brasil. Não existe disputa com a Argentina, e não existe disputa com a Venezuela. O Brasil tem US$ 4 bilhões de investimentos na Venezuela. O Brasil tem interesse em fazer parceria entre Petrobrás e PDVSA. Estamos muito bem relacionados na América do Sul, temos e tivemos esses problemas com a Bolívia, que são problemas naturais. O Brasil, com a maior economia, tem de ser sempre mais generoso com a Bolívia, o Paraguai, o Uruguai, porque são países menores, que precisam ter oportunidade de crescimento.
Como harmonizar a política externa na América do Sul com a aliança que surge forte com os Estados Unidos em torno do interesse pelo biodiesel e pelo etanol?
A maioria dos países da América do Sul e da América Latina está atenta à experiência dos biocombustíveis. O biocombustível, quando foi pensado, não foi só para o Brasil, foi para o continente africano, para a América Latina. ? uma forma de os países mais pobres não ficarem dependentes do petróleo, uma forma de criar alternativas que possam gerar empregos, que possam gerar produto de exportação para os países mais ricos.
Nicarágua, El Salvador, Costa Rica são países pequenos, mas todos eles têm potencial para exportar biodiesel e etanol para os EUA. ? correto os EUA produzirem etanol do milho?
Eu não gostaria que fosse do milho, vamos deixar o milho para as galinhas comerem. E gostaria que os EUA comprassem etanol dos países mais pobres, para que eles pudessem se desenvolver. A política do biodiesel é inexorável.
Na expansão da política do biocombustível, a Venezuela pode ser uma pedra no sapato?
Não, pelo contrário. A Venezuela está comprando três navios de etanol do Brasil para misturar na sua gasolina. Obviamente que a Venezuela, que é um país que produz 3 milhões de barris/dia, e consome só 15%, não tem a mesma necessidade que os países que não têm petróleo.
Por que o presidente Chávez, então, diz que a produção do etanol pode roubar áreas de plantação de alimentos?
Mas não é totalmente errado as pessoas terem uma preocupação com a disputa entre etanol e alimentos. Em um país como o México, o aumento do preço do milho, por exemplo, cria um problema grave porque o povo come muita tortilla. Não é o caso do Brasil. A política de biocombustíveis não pode ser conflitante com a política de alimentos.
Olhando em retrospectiva os quase cinco anos de anos de governo, qual foi seu grande acerto e seu grande erro?
Eu preferiria que vocês dissessem qual foi o acerto. Nosso grande acerto é a economia brasileira. Duvido que algum analista imaginasse que, em quatro anos, nós fôssemos ter US$ 160 bilhões de dólares de reservas. Cansamos de receber críticas quando começamos a fazer a nossa política externa voltada para a América Latina, ?frica e Oriente Médio. Mas nós tínhamos um caminho certo, que era mudar a geografia econômica mundial para que o Brasil não ficasse dependente de um único país. Embora a nossa exportação continue crescendo 20% para os EUA e 20% para Europa, ela cresceu 100% com a ?frica, 70% com o Oriente Médio e cresceu 50% com a América Latina. Então, o Brasil hoje não depende mais de um único parceiro.
Em que medida o sr. considera isso seu grande mérito, se boa parte da estrutura da macroeconomia é a mesma que foi montada pelo governo Fernando Henrique Cardoso?
Você é que diz. Se eu continuasse com a política, o País tinha quebrado.
Mudou o quê? O que mudou na essência macroeconômica?
Mudou tudo. Mudou a nossa relação internacional.
Mudou o quê na macroeconomia, presidente? Qual foi o ponto de virada em relação ao que existia?
O ajuste fiscal que nós fizemos em 2003. Você acha que não contou nada para a gente poder garantir a economia? A nossa política de crédito, a nossa política de transferência de renda? A nossa política de inovação tecnológica, a quantidade de desoneração que nós fizemos? Não mudou nada neste país? Os fatos comprovam as mudanças. E digo para vocês que eu talvez seja o presidente mais tranqüilo que já passou pela República brasileira. Acho que nenhum presidente da República teve a tranqüilidade que eu tenho hoje. O Brasil está sólido economicamente, está ficando sólido socialmente, está respeitado internacionalmente como nunca esteve, tem possibilidade de crescimento extraordinária, vamos implantar a TV digital. Estou muito tranqüilo.
Se o sr. não vai falar do seu grande erro, qual foi até agora a sua grande frustração?
Minha frustração é não ter feito mais do que eu fiz.
Diante dos elogios do sr. às reservas cambiais, podemos dizer que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi o seu grande achado na administração da economia?
Foi. Tanto é que ele está aí há quatro anos e meio.
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Liderança do PT na Câmara dos Deputados
Luiz Sérgio elogia liderança e postura democrática do presidente Lula
27 de Agosto de 2007 -
O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ), disse nesta segunda-feira (27), que a entrevista concedida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Estado de São Paulo reafirmou sua posição de “democrata” e demonstrou seu “amplo conhecimento” das ações do governo. “Foi uma entrevista extremamente positiva. O presidente Lula reafirmou a sua convicção democrática, o seu compromisso e a sua crença na democracia como instrumento importante. Ele também demonstrou que tem amplo conhecimento das ações do seu governo”, disse.
Luiz Sérgio citou pontos importantes da gestão do governo federal elencados pelo presidente Lula e que beneficiam setores da população que, antes, estavam “à margem” do acesso às oportunidades. “Dentre esses temas podemos citar os bons indicadores da economia, processo que tem levado à maior geração de emprego e crescimento econômico; o programa Bolsa-Família; o ProUni, que criou milhares de vagas e oportunidades para os jovens cursarem universidade, e as novas escolas técnicas que estão sendo construídas no Brasil”. E ainda, continuou o líder, “o crédito consignado que permitiu a expansão do crédito de forma mais barata a um setor que no passado vivia preso nas mãos de agiotas; e o financiamento maior à agricultura familiar”, disse.
Na avaliação do líder do PT, o presidente Lula reafirmou sua atuação política ao falar das eleições de 2010. “Como presidente da República, como militante político, como liderança, o presidente Lula reafirma o papel que lhe cabe num processo como o que nós vamos enfrentar em 2010: que terá candidato e subirá no palanque”, disse.
O líder do PT classificou como “descabidas” as reações de alguns setores da oposição em relação a entrevista. “As reações são descabidas, porque há muito de dor de cotovelo, de ciúme daqueles que torciam para que o governo Lula desse errado e, hoje, precisam se curvar e reconhecer que a gestão petista tem sido muito melhor do que as suas gestões”, disse Luiz Sérgio.
Gizele Benitz