quinta-feira, 29 de novembro de 2007

CONVOCATÓRIA AO 2º ENCONTRO CONTINENTAL


CONVOCATÓRIA AO 2º ENCONTRO CONTINENTAL
Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME), Sindicato dos trabalhadores da UNAM (STUNAM) e Acordo Internacional de Trabalhadores e Povos (AcIT)

NÃO aos Tratados de Livre Comércio!
Em defesa da Soberania Nacional de nossos Povos!
Em defesa da nacionalização de tudo que foi privatizado!
Em defesa da Pemex, do setor elétrico e da Seguridade Social contra a privatização!
Em defesa de todas empresas e serviços públicos, empresas estatais e nacionalizadas e da Seguridade Social em todo o continente!



Companheiras e companheiros:
Nos dias 12, 13 e 14 de agosto de 2005, uma delegação do Sindicato Mexicano de Electricistas, junto com companheiros de outras organizações do México e de outros 12 países, participou no "1º Encontro Continental pela Nacionalização do Petróleo e Gás na Bolívia, Contra as Privatizações e pela Soberania nacional de nossos povos", convocado pela Central Obrera Boliviana (COB), Federação Sindical dos Trabalhadores Mineiros da Bolívia e pelo Acordo Internacional de Trabalhadores e Povos.
Este encontro em La Paz, além de estreitar relações entre trabalhadores e suas organizações em nível continental, organizou uma jornada de luta em 17 de outubro de 2005, realizada em vários países, também propondo a realização de um 2º Encontro.
Desde então, de Norte a Sul das Américas, as lutas dos trabalhadores e povos vem demonstrando rechaço à política do imperialismo dos EUA, encarnada pelo governo Bush, e dos governos nacionais a seu serviço. Política que, através de Tratados de Livre Comércio, de ocupações militares como no Haiti, da multiplicação de bases militares (Colômbia, Equador), de fraudes eleitorais como no México, dos intentos de divisão como os que buscam separar departamentos ricos em petróleo e gás na Bolívia ou zonas ricas em minerais no Peru sob a cobertura da "regionalização", ou ainda a busca da implantação de um Plano Etanol nos países, imposto pelo agro-negócio dos EUA, que nega o direito à terra a milhões de famílias sem terra, com mais mortes de lavradores e a promessa de um futuro de semi-escravidão. Isto é, uma política que quer destruir nossas nações, negar a soberania dos povos, destruir as conquistas dos trabalhadores arrancadas em lutas heróicas, aprofundando a dominação de nossos povos e a exploração de nossos recursos naturais em benefício das multinacionais e especuladores.
Este rechaço das amplas camadas exploradas e oprimidas de nosso continente ao imperialismo levou governos como o de Evo Morales na Bolívia, Hugo Chávez na Venezuela e Rafael Correa no Equador, a adotar medidas na via da recuperação para a nação do que foi privatizado em governos anteriores, particularmente petróleo e gás, eletricidade e recursos minerais. Este rechaço se expressa também no voto de 49% pelo Não no referendo contra o TLC na Costa Rica, a pesar da fraude e ameaças diretas de intervenção, no êxito do Tribunal Internacional sobre o Furacão Katrina condenando o governo dos Estados Unidos em todos os níveis pelo seu papel criminoso na tragédia de 2005, na luta dos imigrantes pela anistia nos EUA para que sejam considerados trabalhadores com direitos iguais aos dos demais, na greve da Chrysler, depois da General Motors e na formação do Partido da Reconstrução, expressão do movimento negro independente e ponto de apoio para a criação de um partido de trabalhadores nos próprios EUA. O mesmo rechaço se expressou na manifestação da CUT do Brasil no último 15 de agosto em Brasília e nos mais de 3,5 milhões de votos pela anulação do leilão que privatizou a Cia. Vale do Rio Doce no Plebiscito Popular realizado em setembro.
Pensamos que o atual momento pede a realização do 2º Encontro Continental, para coordenar nossos esforços na luta anti-imperialista, pela ruptura com todos os tratados de livre comércio, pela defesa da unidade e integridade das nações, pela defesa das empresas e serviços públicos, pelo respeito à soberania nacional, pela liberação nacional, luta que deve ter a classe trabalhadora e suas organizações na linha de frente para que seja conseqüente.
Por que fazer o Encontro no México?
Os anos de 2006 e 2007 foram marcador pela intensificação da mobilização popular no México, contra a imposição da política do imperialismo dos EUA que leva à destruição da nação e de suas conquistas históricas. As eleições de 2 de julho de 2006 registraram a vontade majoritária e soberana do povo que elegeu Andrés Manuel Lopez Obrador presidente. Mas esta vontade foi desconhecida por uma fraude que beneficiou o espúrio Felipe Calderón, patrocinado por Bush. As manifestações de massa contra a fraude eleitoral se combinaram com a luta do povo de Oaxaca – que segue vigente – que constituiu sua Assembléia Popular (APPO) e com muitas outras.
Em 2007, milhares de manifestantes voltaram a ocupar as ruas da Cidade do México no que se chamou a "Marcha da Tortilla", protestando contra o aumento dos preços do milho e outros produtos básicos, resultado direto da continuidade da aplicação das exigências do TLCAN (Nafta) pelo governo ilegítimo de Calderón. Ocorreram também inúmeras manifestações de trabalhadores universitários dos sindicatos STUNAM e SITUAM, de professores da CNTE e outros setores de servidores públicos em defesa do caráter solidário e de repartição do ISSSTE (Instituto de Seguridade Social), de trabalhadores do setor elétrico convocadas pelo SME para defender a indústria elétrica nacionalizada, greves e manifestações de trabalhadores mineiros com seu sindicato contra a ameaça de destruição de seus contratos coletivos pelos patrões (atrás dos quais está o capital estrangeiro).
Assim, realizar o Encontro Continental na Cidade do México permitirá aos companheiros de outros países não só conhecer a realidade da situação em nosso país e contribuir com suas próprias experiências de luta, como por exemplo o movimento popular pelo NÂO ao TLC que se deu na Costa Rica, mas também, através da solidariedade ativa e mútua, reforçar a luta em todos os países do continente, inclusive nos EUA e Canadá, pois, como mostram os elementos assinalados acima, também neles se expressa o rechaço à política do governo dos EUA.
Unamo-nos todos no Encontro Continental
Renacionalizar/reestatizar o que foi privatizado, derrotar os Tratados de Livre Comércio em suas distintas modalidades, defender as empresas e serviços públicos, defender os contratos coletivos e a independência dos sindicatos, afirmar o papel do movimento operário e popular na luta pela soberania nacional, são questões concretas e comuns que dizem respeito a todos nós trabalhadores e povos em toda a extensão das Américas.
Ao lançar esta Convocatória, nós (lista de sindicatos e dirigentes que lançam e assinam esta convocatória) e o Acordo Internacional de Trabalhadores e Povos, solicitamos a todas as organizações sindicais, políticas e populares que se identifiquem com os eixos acima assinalados que a subscrevam e, a partir daí, considerem-se parte integrante da organização do Encontro Continental que propomos realizar em março de 2008 na Cidade do México.

Primeiros signatários
Fernando Amezcua, secretário do exterior do SME, Agustin Rodríguez, secretario geral do STUNAM (México), CGTP (Perú), Miguel Zubieta, Central Obrera Departamental de Oruro (Bolívia)
Pelo Acordo Internacional de Trabalhadores e Povos: Julio Turra (Brasil), Luis Vázquez Villalobos y Humberto Martinez Brizuela (Mexico), Alan Benjamin (EEUU), Daniel Gluckstein (coordenador do AcIT)
Primeiras adesões no Brasil: Antonio Carlos Spis - Sindicato Petroleiros de São Paulo e membro da Executiva nacional da CUT e Temístocles Marcelos - membro da Executiva nacional da CUT